Prestes a completar 16 anos, Michelle Larcher de Brito é já uma das grandes promessas do ténis a nível mundial. Nasceu e cresceu em Portugal, mas aos nove anos mudou-se com os pais para os Estados Unidos, onde deu asas ao sonho de ser tenista. 2009 será um ano decisivo para a tenista portuguesa, que poderá realizar o feito de entrar no top 100 a nível mundial. Até lá, continua a viver de forma humilde o sucesso que alcançou, apresentando o discurso modesto de quem tem os pés bem assentes na terra. A CARAS esteve com a tenista em Portugal, dias antes de ter recebido o prémio revelação 2008 da Fundação Luso-Brasileira. – Esta paixão pelo ténis começou logo muito nova?Michelle Larcher de Brito – Tudo começou através do meu pai, que sempre foi um grande fã de ténis. Eu praticava todo o tipo de desportos, mas ele começou a passar-me essa paixão. Além disso, tenho dois irmãos mais velhos, e tudo o que eles faziam eu também queria fazer. Como eles jogavam ténis… comecei a jogar com eles. – Esse primeiro contacto com a modalidade foi já nos Estados Unidos?- Comecei a praticar ainda em Portugal, mas acabei por desenvolver a minha carreira lá. "Dedico-me muito à carreira. Desde muito nova que sonho ser uma grande tenista." – A mudança de país teve um grande impacto na sua vida?- Por acaso, não. A mudança foi perfeitamente normal, tinha nove anos e, por isso, não fez muita diferença. – Mas fica sempre aquela saudade de alguns amigos…- Só tinha a minha família cá. Como ainda era muito nova, não tinha assim tantos amigos…Enfim, foi uma mudança tranquila. – A adaptação à escola também foi fácil?- Sim. Continuo a estudar nos Estados Unidos, não desisti por causa do ténis. O mais difícil foi no início, quando não conseguia ler nem escrever em inglês, mas aprendi rapidamente e acabou por ser mais fácil do que parecia quando lá cheguei. Além disso, tinha os meus irmãos comigo… – Não sente saudades de Portugal?- Sinto, mas gosto muito de viver lá, tenho muitos amigos e a minha vida organizada. Bom, também tenho muitos amigos cá, por isso gosto muito dos dois países. E agora consigo viver quase metade do ano nos EUA e outra metade em Portugal, o que é óptimo. "Treino sete horas por dia e pelo meio há a escola, os amigos, a família… Terei muito tempo para pensar em namorados." – Em apenas cinco anos de carreira, conseguiu colocar o seu nome num patamar bastante elevado…- Dedico-me muito a esta carreira desde o início. Desde muito nova que sonho ser uma grande tenista. Sei que ninguém esperava que corresse tão bem. É bom, mas a responsabilidade também é grande, porque agora não posso mesmo abrandar o ritmo. – E tem o seu pai como treinador…- Sim, e tanto ele como a minha mãe viajam muito comigo. É muito importante o apoio deles, permitem que não me sinta tão sozinha. São o meu porto seguro, não sei como seria sem eles. – Não sente que acaba por perder muito da sua infância e juventude com o tempo que tem que dedicar ao ténis, não só em viagens como em treinos?- Sim. Tenho uma vida muito regrada. Treino sete horas por dia, três de manhã e quatro à tarde, e pelo meio há a escola, os amigos, a família… É muito complicado, mas não é impossível. Às vezes fico triste, porque os meus amigos saem à noite, vão a festas, e eu tenho que ficar em casa porque acordo muito cedo no dia seguinte. Fico muito triste, mas olho para mim própria e para a minha carreira e penso que foi isto que eu escolhi, por isso, tenho que me esforçar para alcançar os objectivos. "É muito importante o apoio dos meus pais, que me acompanham para todo o lado. Permitem que não me sinta tão sozinha." – Objectivos que tem conseguido superar e já jogou mesmo com tenistas que tinha como ídolos…- Sim, já joguei por exemplo com a Serena Williams e quase lhe ganhava, mas ainda estava no início. E treino com a Martina Higgins, que sempre admirei. – E ainda consegue dedicar-se aos estudos?- Tenho que me esforçar o dobro e aproveitar quando não tenho torneios. Este ano, por exemplo, vou ter de terminar um ano escolar em quatro meses. Felizmente posso fazer isso nos Estados Unidos. – E não há tempo para pensar em namorados?- Infelizmente, não. Eles podem ser chatos. [risos] Terei muito tempo para pensar em namorados, não é uma prioridade agora. – Tem algum sonho para além do ténis?- Gosto muito de animais e, se calhar, um dia vou tentar trabalhar nesse ramo. Quando acabar no ténis, talvez… – Pensa muito no futuro?- Não. Vivo muito o momento. Não posso organizar o meu dia ou pensar no meu futuro, porque as coisas mudam a cada dez minutos. Mas gosto de viver assim.
Michelle Larcher de Brito: “Tenho uma vida regrada, mas fui eu que a escolhi”
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