Quando surgiram as primeiras notícias sobre o assassinato de
Carlos Castro, a comunicação social americana adiantava que
Renato Seabra, responsável pelo crime, tinha tentado suicidar-se cortando os pulsos, razão pela qual se tinha dirigido ao hospital. Contudo, à medida que os contornos do homicídio do cronista social começam a ser descodificados, as autoridades policiais não acreditam que o jovem tenha tentado pôr fim à vida, avançando hoje que os ferimentos nos pulsos e na cabeça podem ser apenas sinais de luta.
Depois de três dias de avaliação psicológica no Bellevue Hospital, Renato Seabra, de 21 anos, deixou a ala psiquiátrica da unidade hospitalar, estando agora na ala prisional, rodeado de fortes medidas de segurança a fim de evitar uma possível tentativa de fuga. Daqui, o jovem natural de Cantanhede deverá sair diretamente para o Tribunal Criminal de Manhattan, para ser presente a um juiz, que determinará as condições em que vai aguardar julgamento.
Apesar das notícias que davam como certo que a mãe do manequim,
Odília Pereirinha, em Nova Iorque desde domingo, já tinha visto o filho, não é certo que isso tenha acontecido. De facto, imprensa adianta agora que esta já esteve no recinto do Bellevue Hospital, mas que só lhe será permitido entrar em contacto com Renato depois deste ser ouvido pelo juiz. O manequim foi já acusado de homicídio em segundo grau e arrisca numa pena que pode ir de 25 anos a prisão perpétua e o mais provável é que, pela gravidade do crime e por ser estrangeiro, tenha de aguardar julgamento em prisão preventiva.
Segundo a imprensa norte-americana, a polícia que investiga o caso não tem dúvidas de que Carlos Castro e Renato Seabra formavam um casal e que esta relação terá estado na origem do homicídio. Uma tese que vem contrariar as convicções de familiares, amigos e namorada que defendem que Renato não é homossexual.
Entretanto as irmãs do cronista social,
Maria Amélia Castro e
Fernanda Gomes, e um amigo,
Cláudio Montez, viajaram para Nova Iorque, onde deverão realizar-se as cerimónias fúnebres. O principal objetivo da família é cumprir o desejo expresso por Carlos Castro no livro autobiográfico
Solidão Povoada, publicado em 2007, onde escreveu:
"Aos que me amam de verdade peço: quando morrer quero ser cremado, as minhas cinzas atiradas pelas ruas da Broadway, em Nova Iorque. E não me perguntem porquê". Como a lei norte-americana só permite que as cinzas de um cidadão estrangeiro não residente nos Estados Unidos fiquem no país se essa vontade tiver sido expressa pela pessoa em vida, as irmãs do cronista social esperam agora fazer prova desse desejo recorrendo ao livro.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.