Mafalda Matos tem 23 anos, mas já sabe que quer deixar a sua marca no mundo. Através do seu exemplo, quer provar que se pode viver de uma maneira diferente, explorando o planeta de forma sustentável e olhando para as pessoas como companheiras e não como adversárias. Gosta de cuidar dos outros e não tem medo de mostrar as suas fragilidades e de pedir que também cuidem de si. Mas não gosta do rótulo
zen, pois diz que até é uma mulher
"agitada".
Ao lado do companheiro,
Rui Matos, um empresário dez anos mais velho, com quem está há pouco mais de um ano, diz sentir-se
"totalmente entregue" e numa sintonia que não se consegue explicar, mas que se sente. Sobre a sua forma de estar na vida e os sonhos por realizar, a CARAS falou com a atriz que dá vida à personagem Maria Francisca Sardinha na novela
Anjo Meu.
– Ser atriz era um sonho de criança?
Mafalda Matos – Nunca desejei ser atriz. Estava a tirar um curso tecnológico na área do
design industrial quando me inscrevi numa agência para ganhar uns trocos. Fui a um
casting e fiquei como protagonista dos
Morangos com Açúcar.
– E como é que acabou por se apaixonar pela representação?
– Nesse projeto comecei a querer explorar mais a representação. Depois, fui para Londres, onde fiz um
casting para ser uma
bond girl, e quando regressei experimentei fazer teatro. O contacto com o público foi apaixonante e decidi entrar para o Conservatório. Depois, comecei a dar formação de teatro infantil e de
castings para televisão.
– Ficou triste por não ser uma ‘bond girl’?
– Fiquei, mas na altura tinha 19 anos e a personagem tinha trinta e poucos… Mas fiquei a conhecer uma grande diretora de
castings, a
Debbie McWilliams, que faz a ponte para muitos filmes americanos. Seleciona muitos atores europeus que vão para os EUA.
– Mas quer ter uma carreira internacional?
– Eu quero fazer coisas com qualidade. Sei que lá fora poderei fazer coisas mais desafiantes, trabalhar com outras pessoas, falar outras línguas… Faz-me todo o sentido o mercado espanhol ser atacado pela Mafalda.
– A Mafalda de hoje é muito diferente daquela que entrou nos
Morangos com Açúcar?
– A Mafalda hoje é uma pessoa madura, que sabe ouvir e que não diz tudo aquilo que pensa, é serena… Valorizo o amor, a autenticidade das pessoas, a entrega, a paixão. As pessoas apaixonadas, seja por outra pessoa ou pelo trabalho, são mais felizes. Gosto de viver bem, comer bem, dormir bem, amar e ser amada e ter os meus por perto. E de dia para dia faz-me mais sentido o contacto com a natureza.
– É uma pessoa ‘zen’?
– Não, porque esse rótulo dá a sensação de que sou uma pessoa parada, e eu até sou bastante agitada, gosto de fazer coisas. Para mim, ser
zen é estar bem comigo própria, com os outros e com aquilo que faço. Para mim é importante contribuir para o bem do mundo.
– É uma pessoa irreverente?
– Gosto de questionar as regras, mas pago impostos, segurança social, funciono com regras… Agora, se este é o meu modelo de vida? Se calhar não…
– Qual é, então?
– Estar no meio da natureza. Tenho um sonho… Gostava de estar em comunidade, porque na cidade é muito difícil ter essa sensação de que há pessoas com quem me preocupo e que se preocupam comigo. Gostava de pertencer a uma comunidade que tivesse os mesmos valores que eu. Não gosto das intrigas e mesquinhices que não nos permitem conhecer mesmo as pessoas. Estou farta de máscaras.
– E para quem pensa assim é fácil trabalhar no mundo da televisão?
– Aí é que entra a maturidade que se foi desenvolvendo ao longo de cinco anos. Não tento mudar as pessoas, mas faço da minha experiência o meu exemplo. Claro que não tenho todas as conversas com toda a gente… A minha arte é relacionar-me com seres humanos. Não gosto de estar isolada do mundo. O meu lugar é no meio das pessoas.
– Como é que se imagina daqui a dez anos?
– Espero já ter um lar no meio da natureza, feito de bambu ou de madeira, com um teatro próprio, o
The Make Sense. Quero criar um teatro sensorial, algo em que as sensações nos aproximem do que está a acontecer em cima do palco. A nível pessoal, quero continuar com a pessoa com quem estou.
– Como é que conheceu o Rui, o seu companheiro?
– Conhecemo-nos num curso de desenvolvimento pessoal que se chama
Trata a Vida por Tu, numa sala com 900 pessoas, no Casino Estoril. Sentámo-nos ao lado um do outro, trocámos números de telefone, tornámo–nos grandes amigos e depois namorados. Vamos lá construir relações sólidas, com suco. O
fast-food não faz sentido.
– E o Rui está em sintonia com a sua maneira de estar na vida?
– Claro que sim… Ou não estava com ele. É por ele ser meu amigo, meu companheiro, meu amor e ter um nível de consciência elevado, porque é uma pessoa aberta, disponível, que estamos juntos… Vai muito ao encontro da pessoa que sou.
– A vida a dois mudou-a?
– A vida a dois mudou-me, mas porque temos um relacionamento muito bom. A nossa dinâmica a dois é ótima Complementamo-nos, preenchemo-nos. É muito bom viver com o Rui. Não tenho nada de negativo a dizer, só coisas boas.
– Usa a aliança na mão esquerda. Já se sente casada?
– Sinto-me completamente entregue a uma pessoa. Casada não, isso nem me faz sentido.
– Os dez anos que têm de diferença notam-se na vossa relação?
– As idades são só números. A maturidade e a experiência de vida é que fazem a nossa verdadeira idade. É uma questão de química. E ambos gostamos de fazer coisas. Somos pessoas muito práticas e isso une-nos.