Rita Lello é uma mulher divertida e bem disposta. Uma faceta da atriz que não transparece nestas fotografias, mas que facilmente se percebe, por exemplo, na personagem que interpreta na novela Dancin’ Days, Nicole. Rita Lello conjuga o seu trabalho em televisão com a direção do Núcleo de Produção para a Infância e Juventude do Grupo de Teatro A Barraca, grupo fundado pela sua mãe, a atriz Maria do Céu Guerra, e por Mário Alberto, em 1976. Com a mãe diz manter uma ótima relação, embora admita que por vezes ‘chocam’ um pouco a nível profissional. Muito ligada à família, a atriz confessa nesta entrevista que gostaria de ter tido mais filhos, mas que agora, aos 42 anos, já não pensa nisso e dedica-se a cem por cento a Vasco, de 11 anos.
– Ao longo desta tarde esteve sempre a brincar e divertida, mas depois, quando a máquina fotográfica aponta, fica séria! O que lhe acontece?
Rita Lello – Pois, não sei o que é! Gosto muito mais de me ver a rir nas fotos, mas acho mais seguro ter um ar sério. E é-me mais fácil descontrair se estiver a falar e nas fotos não posso! A imagem fixa não me agrada muito. Não há fotos minhas decentes em criança pois eu estava sempre a esconder-me! Já com a imagem em movimento não tenho problemas. Já tive, mas agora consigo conviver com as câmaras com tranquilidade e sem pensar se vou ficar bem ou mal.
– Joga mais pelo seguro ou corre riscos?
– Acho que jogo mais pelo seguro. Mas também depende do que estiver em causa. Se estivermos a falar da minha vida pessoal, jogo mais pelo seguro, é raro fazer grandes disparates. Já em relação ao meu filho, arrisco um bocadinho mais.
– Em que aspeto?
– Acho que não há fórmulas para a educação e tento que o Vasco acredite em mim e que vá sempre acreditar. Por isso, eu não lhe posso pintar um mundo que não existe e aí estou a arriscar. Se calhar sabe mais coisas do que devia para a idade que tem, mas nós falamos de tudo. Não há nada que ele me pergunte a que eu não responda com a verdade. Prefiro quebrar-lhe um bocadinho a inocência, mas que ele confie em mim e acredite no que lhe digo. Eu fui muito educada pela minha avó e ela nunca me mentiu.
– Não é uma mãe-galinha, portanto…
– Sou um bocadinho. Isto é uma forma de ser mãe-galinha porque, com esta atitude, espero atenuar o conflito de gerações. O meu filho vai ter de fazer a cisão comigo, claro, mas espero que esse corte não seja muito violento. Nem para mim, nem para ele. Porque às vezes os filhos são obrigados a fazer cortes violentíssimos com os pais e isso deixa marcas. Ou depois há filhos para quem não é um prazer estar com os pais.
– Como é a sua relação com a sua mãe?
– Quando estou com a minha mãe é uma alegria, fartamo-nos de rir as duas! No trabalho, se discordarmos, somos como o gato e o rato, e às vezes há choques. Mas é uma alegria estar com ela e fico cheia de saudades se estiver 15 dias sem a ver. Porque a minha mãe é divertida e tem um olhar divertido, interessante, construtivo e criativo sobre as coisas. A minha avó também era muito inteligente e divertida. E eu gostava que o meu filho viesse na sequência desta herança.
– Percebo que a família é importante para si…
– Muito importante! Nunca seria capaz de emigrar, sair de perto das minhas raízes. Eu gosto de estar sozinha e no meu sítio, mas não consigo viver sem a minha família.
– Disse que não arriscava tanto na sua vida pessoal… Tem namorado?
– Não vou falar sobre isso. Na minha vida pessoal jogo mais pelo seguro, mas corro alguns riscos. No entanto, são riscos ponderados, pensados. Sermos atores é um risco, pois expomos a nossa alma, apesar de estar escondida por uma personagem. E as escolhas que eu faço acabam por ser relativamente seguras dentro da insegurança e instabilidade que é ter escolhido esta vida. Não sou muito impulsiva no que toca a tomar decisões, mas quando tenho de as tomar são pensadas e só dou ‘aquele’ passo se me sentir segura.
– Gostava de ter mais filhos?
– Gostava de ter tido, mas agora não me estou a ver com um bebé. Eu estou feliz, mas se calhar não me importava de ter tido mais quatro ou cinco. Quando era miúda achava que ia ter cinco filhos. Mas hoje é complicado. O Vasco é um miúdo fantástico e exige muito da minha atenção. Gosto muito de miúdos, não me custa nada lidar com crianças e tenho uma relação fácil com elas.
– O amor é importante?
– Sim, o amor é a base de tudo, da vida, das relações entre as pessoas. Sem amor não vale a pena estar aqui. O amor é o que faz mover o ser humano. Porque nada mais serve para dar. O dinheiro, as coisas…
– Como olha para a vida?
– De frente. Não acho que seja com otimismo, porque não estou muito otimista em relação à situação que vivemos. Acho que nós, enquanto Humanidade, estamos a fazer tudo mal. As pessoas não estão felizes e é importante caminharmos para a felicidade. Os dirigentes não estão a fazer as pessoas felizes e elas têm de querer e lutar por isso. Não posso dizer que olho para a minha vida de uma maneira otimista porque estou integrada num sistema capitalista, e pouco posso fazer para sair desta organização sem ser uma freak. Mas acredito que podemos ser felizes em sociedade e termos as coisas que queremos. As pessoas não estão felizes, mas têm de ficar!
– E a Rita, é uma mulher feliz?
– Não! Isso da felicidade é algo que não existe. Há bocadinhos bons, e se conseguirmos ter muitos bocadinhos bons – e isso está na nossa mão – temos uma vida porreira!
– A sua personagem de Dancin’ Days, a Nicole, é uma mulher excêntrica…
– A Nicole é um furacão! O primeiro caminho que me ajuda a definir as minhas personagens e distingui-las de mim é pensar como é que elas pensam. A Nicole é muito rápida e eu não penso tão depressa! É preciso muita energia acumulada para se conseguir falar como ela fala! Ela é muito diferente de mim a todos os níveis. O grande desafio é não deixar que este tipo de personagens se transforme num boneco. É um grande desafio, mas é muito giro e divertido.
– Mas, tal como a Nicole, é uma mulher com energia?
– Ainda tenho muita energia e não paro quieta, mas agora já sei acalmar e baixar os níveis.
– É uma mulher inquieta?
– Sim, sou um bocadinho. Mesmo que exteriormente já consiga não deixar transparecer isso, interiormente sou uma mulher inquieta.
Rita Lello confessa: “Mesmo que não transpareça, sou uma mulher inquieta”
Sorridente e brincalhona, a atriz, de 42 anos, que atualmente podemos ver na pele de Nicole em “Dancin’ Days”, adotou um ar sério para as fotos. Uma forma de jogar pelo seguro.
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