São 20 anos de carreira, pretexto para esta entrevista com Inês Santos, cantora, hoje também diretora artística da Portuscale Cruises, a companhia de navegação da qual faz parte o Paquete Funchal ou o Navio Lisboa. De passagem por Zanzibar, a artista, que nos entrou em casa pela primeira vez no programa Chuva de Estrelas que venceu em 1995 com uma versão de Nothing Compares 2 U de Sinead O’Connor, e que mais recentemente foi uma das finalistas do programa A Tua Cara Não me É Estranha, fez algumas fotos que cedeu à CARAS.
– Estes 20 anos de carreira têm sido bem gozados?
Inês Santos – Têm sido sobretudo uma aventura muito positiva. Especialmente porque nunca me afastei do percurso ético que escolhi seguir. Talvez não seja tão famosa como poderia ser, mas vivo feliz e de consciência tranquila com as opções que fui tomando. Não é a fama que eu procuro, mas sim um percurso que me faça crescer como ser humano e como artista. Olho para trás e vejo o quanto evoluí. Isso só foi possível porque nunca fui pelo caminho mais fácil e privilegiei sempre o desafio, a descoberta, o desconhecido.
– A certa altura da sua vida teve de abraçar outros projetos. Foi difícil decidir fazer outra coisa na vida que não apenas cantar?
– Eu não decidi nada. O ser humano não é uma coisa só. É ambivalente. Eu sou, se me pedir que me defina, cantora, sem dúvida, é essa a minha missão na vida, mas sempre adorei várias outras coisas. Em 2003 fiz um curso de produção de espetáculos que muito me ajudou a abraçar o desafio para ser diretora artística da Portuscale Cruises e que é complementar à minha vida como cantora. Hoje continuo a cantar, a fazer os meus concertos, mas movo-me paralelamente na produção, contratação de artistas, parte técnica, conteúdos de entretenimento e… cereja no topo do bolo: às vezes vou aos navios da nossa frota certificar-me de que tudo corre bem. Aproveito para viajar e cantar também. Duas das coisas de que mais gosto na vida.
– Durante dois anos andou ‘embarcada’ num cruzeiro onde viajou pelos quatro cantos do mundo. Depois decidiu ‘aterrar’. Foi a melhor decisão?
– [risos] Sim, já estou em Portugal há dois anos e agora só muito de vez em quando é que vou aos nossos navios. Foi uma experiência que serviu, naquela altura, para viver certas coisas na minha vida, profissional e pessoal, mas o meu ‘poiso’ é em Lisboa e sempre que possível, Coimbra, a minha cidade, o meu porto seguro.
– ‘Navegou’ sempre por linhas direitas ou por vezes sentiu-se à deriva?
– Eu própria me coloco à deriva. Não gosto daquilo que é certo e seguro. Por exemplo, quando vim viver para Lisboa, em vez de ir pelas ruas que conhecia, escolhia caminhos desconhecidos, para passar a conhecer, para encontrar recantos novos, descobrir, acrescentar algo. Sinto-me cada vez mais conhecedora de mim mesma, não tanto dos outros, mas creio que, até ao fim da vida, haverá sempre coisas que desconheço, nas quais ando à deriva, ganhando dia após dia cada vez mais noção de onde é o norte.
– E na sua vida sentimental, anda à deriva ou tem um porto seguro?
– Acredito sinceramente que para sermos o porto seguro de alguém, se é que isso é possível e justo, devemos ser primeiro o nosso próprio porto seguro. Nesse sentido, não considero leal procurarmos nos outros aquilo que devemos encontrar em nós próprios. Faço esse trabalho de me conhecer, estar segura de mim diariamente e tento preparar-me para em algum momento poder estar ao lado de alguém, caminhar em paralelo, acrescentar, fazer sobressair o melhor de alguém, acho que isso é que é o amor. Agora estou numa fase de descoberta e creio que mais preparada para viver o amor, o verdadeiro.
Inês Santos em Zanzibar: “Estou mais preparada para viver o verdadeiro amor”
No ano em que comemora 20 anos de carreira, a artista deu uma entrevista à CARAS.