Fez o primeiro casting para uma novela aos 17 anos, juntando-se então a um grupo de jovens atores que se estreava em televisão com Jardins Proibidos. Passaram 14 anos e foi com entusiasmo que Teresa Tavares aceitou o convite para participar na sequela daquela novela, dando vida à professora Sofia Rosa. Mais experiente e segura, a atriz, de 31 anos, tem conciliado as gravações com os ensaios da peça Radiografia de um Nevoeiro Imperturbável, que estreia a 13 de novembro no Teatro D. Maria II.
– Como recebeu o convite para fazer a sequela de uma novela 14 anos mais tarde?
Teresa Tavares – Não estava à espera e tem sido muito divertido. Havia muitas pessoas com quem não trabalhava desde então e esse foi o meu primeiro trabalho e o de muita gente, como a Maya Booth ou a Vera Kolodzig… Todas nós queríamos ser atrizes, era um passo muito importante. Voltar tem qualquer coisa de regresso a casa. É, de facto, uma experiência especial.
– Tem conciliado as gravações com os ensaios da peça e mais uns tantos projetos profissionais. É muito organizada?
– Organizada no sentido tradicional não sei se sou, mas organizo muito bem a minha cabeça. Posso não ter as coisas todas no sítio certo, mas, se são projetos importantes para mim, como este espetáculo e a novela, acho que tenho, de facto, uma grande capacidade de dedicação e de gestão das coisas. De vez em quando fico a dever umas horas ao sono, mas quem corre por gosto acho mesmo que não cansa, e é maravilhoso estar a conciliar isto tudo.
– Esta peça está ligada à associação de atores da qual é cofundadora. O teatro foi a sua primeira paixão?
– Para ser completamente sincera, a minha primeira paixão foi o cinema. Quando era miúda não havia uma sala de cinema em Azambuja, onde eu vivia. Tínhamos de ir a Vila Franca ou a Lisboa. Portanto, para mim o cinema era uma coisa absolutamente mágica. Eu dizia que queria ter uma sala de cinema em casa! Mas acho que a minha paixão é, de facto, ser atriz e tem sido uma grande sorte e uma grande felicidade poder fazer teatro, cinema e televisão. É muito enriquecedor e acho que todos ganhamos muito em ter esta capacidade de nos entregarmos a projetos diferentes. Acho que isso só nos valoriza.
– E porquê fundar uma companhia de atores?
– Não é propriamente uma companhia, é uma associação cultural. Chama-se Teatro do Vão. Esta aventura começou toda depois do Conservatório…
– Chegou a concluir o Conservatório?
– Concluí, com muitas interrupções, mas consegui [risos]. Nessa altura comecei a trabalhar mais em teatro e, em 2010, eu e o encenador Daniel Gorjão vencemos os Emergentes – Ciclo Novos Criadores/Novas Linguagens do Teatro Nacional com o espetáculo Um Dia Dancei, Só Dancei um Dia. A partir do momento em que partes de uma ideia e as coisas se concretizam, porque é que não hás de voltar a fazer o mesmo? Eu e o Daniel somos muito próximos, pessoal e profissionalmente, e acabou por fazer sentido montar esta estrutura de produção, para irmos fazendo os nossos projetos, explorando linguagens e valências das várias pessoas que fazem parte da estrutura. É uma forma de nos mantermos ativos e evoluirmos.
– A sua personagem na novela é uma mulher de grande leveza, alegria e jovialidade. A Teresa também é leve e bem disposta?
– Sou. Sou uma pessoa com grandes inquietações, com muitas questões, sempre à procura de algo mais. Mas acho que isso é completamente conciliável com leveza e abertura para com tudo o que nos acontece. É importante haver inquietação para avançar e lido com isso com otimismo. Não sou cinzenta.
– Costuma dizer também que o melhor ainda está para vir. É uma filosofia de vida?
– As coisas vão surgindo na minha vida e, ao estar sempre a evoluir, só posso acreditar que o melhor está para vir. Há evidentemente uma lista de coisas que gostava de fazer, mas para mim é importante concentrar-me no que estou a fazer no momento, porque acredito que é isso que me dá o foco para as coisas que quero fazer. E quando elas chegarem, ou quando eu chegar até elas, irei dedicar-lhes esta mesma atenção. Acho que só saboreando o que vai acontecendo é que se usufrui verdadeiramente das coisas. É importante fazer as coisas com paixão, empenho, dedicação e alegria. É isso que nos permite alcançar tudo o resto, em vez de ficar só a pensar nisso.
– E quer partilhar algumas das coisas que gostava de fazer no futuro?
– A lista é grande, mas na realidade tudo se resume a continuar a ter projetos como atriz que me desafiem profundamente, em teatro, cinema e televisão, ter esta oportunidade de me expressar através do meu trabalho, de estar rodeada das pessoas que amo e ter, claro, saúde, que é indispensável para isto tudo, e sorte. A sorte e a saúde não se controlam, o resto, trabalha-se para isso.
– Manteve durante muito tempo um relacionamento que entretanto chegou ao fim…
– Tento salvaguardar ao máximo a minha vida pessoal… O que posso dizer é que estou solteira e muito feliz.
Teresa Tavares: “Sou uma pessoa com grandes inquietações”
A uma semana de estrear a peça ‘Radiografia de um Nevoeiro Imperturbável’ no Teatro Nacional D. Maria II, a atriz, de 31 anos, marcou encontro com a CARAS para nos falar dos seus sonhos e projetos.