Foi em Serzedo, uma pequena vila do concelho de Vila Nova de Gaia, que Diogo Maia despertou para o mundo das artes. Primeiro, enquanto aluno de uma escola de música de ensino articulado, tendo tido formação de flauta transversal, mais tarde, integrando um curso de dança. Tinha dez anos. Deixou-se apaixonar e no 9.º ano acabou por entrar no Conservatório de Lisboa, alimentando o sonho de seguir a carreira de bailarino profissional. Atualmente a viver em Hamburgo, na Alemanha, onde terminou a formação na escola de ballet dirigida pelo conceituado coreógrafo americano John Neumeier, o jovem bailarino, de 19 anos, garante ter cada vez mais a certeza de que é em cima dos palcos que gostaria de se destacar, ainda que tenha consciência da dedicação e entrega que a dança exige.
– Parece ser um jovem de uma enorme sensibilidade. Tanto para aprender música como ballet, é fundamental ser-se apaixonado pela área?
Diogo Maia – Sim, o mundo das artes tira muito de nós, do nosso intelecto, do nosso ser, mexe muito com as nossas emoções. No caso da dança, também mexe muito com o nosso físico. Se não gostarmos, não vale a pena.
– Torna-se demasiado doloroso e sofrido?
– Sim. É um desgaste muito grande, tanto a nível emocional como físico.
– O que distingue um bom bailarino de um bailarino de excelência?
– Não sei se é o talento ou a vocação. Tenho professores que são grandes bailarinos e que, se calhar, não tinham as melhores capacidade físicas, que não nasceram com um corpo “perfeito” para a dança, mas o seu caráter e força mental permitiu-lhes ultrapassar todos os obstáculos. Tudo isto é arte. Um bailarino sem a componente emocional é como um pão sem sal. E o contrário também é válido: por muito incrível que sejas a transmitir emoções, tens de trabalhar a parte técnica e estética. São complementares e acho que é isso que distingue os melhores bailarinos.
Diogo Maia: “Nem tudo é um sonho, há muito sofrimento nos bastidores”
A viver em Hamburgo, o bailarino, de 19 anos, partilha alguns dos seus sonhos, paixões e angústias.