Morreu esta segunda-feira, 18 de novembro, a fadista Argentina Santos. Tinha 95 anos. Nasceu a 6 de fevereiro de 1924 no bairro da Mouraria, em Lisboa, e chegou ao fado de forma peculiar, talvez por “mero acaso”, já que entrou na Parreirinha de Alfama, em Lisboa, para assumir o papel de cozinheira e não de fadista.
Mais tarde, já em 1950, comprou aquela casa, que permanece como um dos locais mais puros do fado. Celebrizou temas com “Chico da Mouraria”, “Lisboa Casta Princesa” e “Duas Santas” e é considerada uma das últimas intérpretes do fado castiço. Retirada dos palcos desde abril de 2015, viajou pelo mundo a cantar, visitando o Brasil, França, Grécia, Holanda, Itália, Reino Unido e Venezuela.
O estilo interpretativo da “Tia Argentina”, como era carinhosamente tratada, caracterizava-se “por uma expressividade intensa” que construía “através da ornamentação, da acentuação, da introdução de suspensões longas nas palavras-chave que [preenchia] com melismas cantados em pianíssimo, sobretudo no registo agudo”, lê-se na “Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX”. Serviu de inspiração para muitas e diferentes gerações de músicos ligados ao fado.
Recebeu, em 2015, o “Prémio Carreira”, nos Prémios Amália Rodrigues entregue pela fundação homónima. Foi agraciada com a comenda da Ordem do Infante em 2013 pelo então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.
Recorde a voz de Argentina Santos!