A mesa para o lanche de Natal está posta, a árvore está montada e as crianças estão vestidas a rigor e com ar bem-comportado ao pé da avó. Até poderia ser a descrição perfeita de uma fotografia de Natal tradicional se a avó não fosse Graça Viterbo e se em vez de vozes angelicais a entoarem cânticos natalícios não se tivesse como banda sonora Bob Dylan. É sendo igual a si própria – uma mulher que sempre se inspirou no belo, que privilegia uma boa conversa a qualquer outro programa, que é confidente sem abdicar do estatuto que a idade lhe trouxe e que nunca deixou os afetos para segundo plano – que a decoradora de interiores conquista os netos. Agora que já passou o testemunho da Viterbo Interior Design à filha Gracinha, Graça dedica grande parte do seu tempo à família, reconhecendo que o amor é o legado mais importante que pode deixar.
Numa tarde passada na sua casa, no Estoril, a decoradora de interiores posou ao lado dos netos Santiago, de 15 anos, Guilherme, de 13, Benjamim, de 12, Alice, de nove, filhos de Gracinha, e de Vitória, de seis, filha de Alexandra Abreu Loureiro, e revelou as memórias bonitas que têm construído lado a lado. Neste quadro de família faltaram apenas os netos Lucas, de 18 anos, Tomás, de 16, e Maya, de 11, filhos de Bruno, que estão nos EUA. Apesar de não terem ficado na fotografia, a avó fez questão de falar deles e de mostrar que a distância não esmorece o afeto que sente.
– Que relação tem com esta casa?
Graça Viterbo – Estou nesta casa há muitos anos. Foi onde os meus filhos cresceram. É a casa que todos sentem como a casa de família. O meu marido [o médico cardiologista Pedro Abreu Loureiro] é do Estoril, nós vivíamos em Lisboa, e quando houve oportunidade regressámos para aqui. Sentimo-nos muito bem neste espaço.
– E é uma casa que se tem alterado com o tempo e adaptado às necessidades da família ou, pelo contrário, mantém-se muito idêntica ao que era inicialmente?
– Esta casa já passou por muitas mudanças. De vez em quando, sentia necessidade de dar uma volta à casa, e para mim isso não significava mudar apenas os móveis. [Risos.] Significava mudar os tecidos e arriscar em novas cores. Tive a sorte de ter uma família que sempre alinhou comigo. Quando queria mudar, o meu marido sempre gostou das transformações, e algumas foram bastante radicais. Esta casa é dos anos 30, é característica dessa época e sempre respeitei a sua traça. Gosto de art déco e tenho pequenos apontamentos, mas a minha prioridade sempre foi viver a casa e torná-la um espaço agradável para se estar. Quero que os meus netos tenham memórias felizes da casa dos avós.
– E que memórias quer construir com os seus netos?
– Temos vivido muitos momentos com os nossos netos. O meu marido gosta de furar os bolos e todos eles recordam isso quando veem um bolo, por exemplo. As memórias são feitas desses momentos que vivemos lado a lado.
Graça Viterbo: “Quero que os meus netos tenham memórias felizes da casa dos avós”
Em plena quadra natalícia, a decoradora abriu as portas da sua casa e posou ao lado de cinco dos seus oito netos.