É manequim desde os 16 anos e durante os últimos quatro tem viajado muito pelo mundo, regressando frequentemente à Ucrânia, onde nasceu. Foi lá que Rita Markitan terminou o liceu e começou o curso de Economia e, até ter estalado a guerra, que fez já mais de três milhões de refugiados, era lá que planeava construir a sua casa, trabalhar e investir. Neste momento, a sua maior preocupação são as duas irmãs, que ainda lá estão e não planeiam sair. “Estão na zona oeste do país, mas nem aí estão seguras, porque o Putin é doido e está a atacar civis. Falamos algumas vezes por semana, elas não parecem preocupadas, mas tenho tentado convencê-las a afastarem-se da Ucrânia por agora”, confessa-nos a manequim, de 20 anos, que chegou a Portugal para trabalhar a 13 de fevereiro, mas trouxe na mala um bilhete de volta para Kiev com data de abril.
Embora não perca a esperança de regressar, Rita, que desfilou no Portugal Fashion, já está mentalizada de que poderá ter de ficar mais tempo em Portugal, onde foi recebida pela agência de manequins Best Models. “Portugal é ótimo, as pessoas são simpáticas, as cidades têm a sua própria vida, e isso é inspirador enquanto experiência. Aqui tenho-me sentido muito bem recebida.” Rita deverá continuar a viajar em trabalho nos próximos meses e depois disso, como diz, “logo se vê”. E acrescenta, esperançosa: “O meu maior desejo é que isto não seja normalizado, que a ajuda de que agora precisamos seja temporária e uma porta para um futuro melhor, e não a nossa derradeira oportunidade.”
Fotos: Ricardo Santos