Nesta terça-feira, Mariana Cabral, mais conhecida por Bumba na Fofinha, assinalou o 4º mês de Clara, a sua primeira filha. A humorista, de 35 anos, partilhou com os seus seguidores não só o amor incondicional pela bebé, mas também o lado menos simpático desta caminhada desafiadora que é a maternidade. Num longo texto, a autora dos podcasts Fuso e Reset descreveu os sentimentos que a filha despertam em si, mas também o cansaço, a dependência, a privação de sono…
“Adoro-a. É um raio de sol, carisma em miniatura, gargalhadas a horas ilegais e sobrancelhita de cancel culture; é uma tempestade de rotativos nas partes mais frágeis do meu maxilar (e da minha alma); é partida, lagarta, fugida, maratona e meta, sem nunca ter treinado antes; são atrocidades de alegria à conta de nicles e um contrato vitalício com a relativização, porque só sobra espaço para o essencial olímpico (fazer o buço não está incluído); é aquele gostar de dentes cerrados que roça a violência, é comer os mini pés como se fossem chamucinhas volantes e contemplar de forma creepy enquanto dorme; é o rebranding total dos momentos de silêncio, poucos mas benzós <3 É propósito, sentido de vida, dependência que enternece e um bonito revisitar das partes mais felizes da nossa infância.
Mas também é a treva absoluta, desespero madrugada fora, beco sem saída, chorar em público e palavrões para o ar questionando se algum vizinho ligou para a CPCJ (e se não seria melhor se ligasse); é achar que a nossa é mais exigente que os outros bebés TODOS do mundo e que os culpados só podemos ser nós, porque damos demasiado colo ou porque não acertámos no leite ou porque a primeira-ministra da Finlândia afinal não é drógada; é levar tudo a peito e viver no limiar do s# f%da; é não saber muito bem quem somos depois disto, e se vamos gostar ou não de quem sai do outro lado; são atrocidades de cansaço e saudades mil da liberdade de outrora – aquela palavra que se usa em contos quando parece que foi há muito, muito tempo; é sufoco, dependência que aprisiona e um revisitar muito incómodo das partes mais dolorosas de crescer.
É tudo isto, em negociação eterna, várias vezes por dia.
Este é o resumo dos últimos 4 meses da minha vida e dos primeiros 4 de Clarinete, filha de Ed Sheeran e neta de Luís Esparteiro. E a vossa terça-feira?, escreveu nas redes sociais.
Entre os seus seguidores o sentimento geral foi de empatia: “Descrição perfeita da transformação interior que a maternidade traz ❤️”, afirmou um deles. “Eu chamo a isso síndroma de estocolmo ❤️”, acrescentou a rapper Capicua, que é mãe de Romeu, de 3 anos.