O Grande Auditório do Centro Cultural de Belém foi quase pequeno para receber, no passado dia 8, a antestreia do filme Soares é Fixe!, que chega aos cinemas no dia 22 e relata as eleições presidenciais mais disputadas de sempre entre a esquerda e a direita, em 1986, que deram a vitória a Mário Soares, histórico socialista considerado um dos pais da democracia portuguesa, que morreu em janeiro de 2017, aos 92 anos.
“Se há alguma personagem fantástica do século XX português é o meu pai.” (J.S.)
Os filhos do político, João e Isabel Soares, foram muito acarinhados pelos presentes, entre os quais se encontravam diversas caras do Partido Socialista e várias estrelas da representação e música, e antes da exibição mostraram-se muito expectantes em relação ao projeto final, realizado por Sérgio Graciano com argumento de João Lacerda Matos. “A história é boa… Se há alguma personagem fantástica do século XX português é o meu pai. Sei que sou suspeito, mas parece-me óbvio. É feito por gente séria, tenho confiança no produtor e no realizador, que fizeram ambos o filme sobre o Salgueiro Maia [Salgueiro Maia – O Implicado], do qual gostei muito”, referiu o comentador político, que esteve também acompanhado pela filha Lilah, de 16 anos. “Ela é a mais nova de todas as minhas filhas e tem uma memória direta do avô”, sublinhou.
Isabel Soares, presidente da Fundação Mário Soares e Maria Barroso, realçou a importância de se estrear um filme sobre o seu pai no ano em que se comemora o centenário do seu nascimento e também o 50.º aniversário do 25 de Abril. “Acho que lhe dá um cunho mais interessante por isso, já que o meu pai teve um papel fundamental na defesa da democracia e da liberdade em Portugal. E é fundamental também numa fase em que vivemos outra vez pressões sobre a democracia e a liberdade. Além de que vivi intensamente aquela campanha presidencial”, comentou a filha de Mário Soares e Maria Barroso.
Uma opinião partilhada por Mariana Vieira da Silva, que salientou o legado de luta contínua de Mário Soares na defesa da liberdade. “Estamos a festejar os 50 anos do 25 de Abril numa altura em que os principais protagonistas políticos nacionais terão já nascido depois dessa data. Este espírito de construção de uma democracia forte em que os portugueses se envolvem e participam é muito importante neste momento eleitoral e no futuro” realçou a ministra da Presidência.
Considerando-o a sua maior referência política, Pedro Nuno Santos reconheceu a grande herança que Mário Soares deixou à democracia portuguesa. “Teve um papel importante na democracia, na adesão à União Europeia…”, afirmou o secretário-geral do PS.
Acompanhado pela mulher, Fernanda Tadeu, o primeiro-ministro demissionário, António Costa, foi uma das últimas individualidades a chegar e foi parco nas palavras, limitando-se a comentar, referindo-se ao foco desta longa-metragem, o triunfo de Soares sobre o centrista Diogo Freitas do Amaral: “Foi, porventura, a campanha eleitoral mais decisiva e renhida que tivemos. Felizmente, acabou bem.”
Fotos: Luís Coelho