Há vários anos a aparecer perante o público em projetos de ficção televisiva, Fernando Luís fica sempre bastante entusiasmado quando lhe surge um desafio no teatro, onde fez a sua formação. Natural de Setúbal, o ator, de 63 anos, integra neste momento o elenco da peça A Senhora de Dubuque – em cena no Teatro da Trindade, em Lisboa, até 21 de abril –, ao lado de Alberto Magassela, Álvaro Correia, Benedita Pereira, Cucha Carvalheiro, Manuela Couto, Renato Godinho e Sandra Faleiro, e diz que tem sido uma experiência “extraordinária”. “O Sam é uma personagem muito complexa, completa e absolutamente fascinante. Passa por um leque muito grande de emoções durante a peça e gerir isso às vezes é complicado, mas um grande presente para um ator. É um homem vulnerável, que se depara com situações muito estranhas, tanto com o desaparecimento da mulher como com a chegada da senhora de Dubuque, que ele não quer perceber quem é”, explica, sublinhando o que espera que o público sinta ao ver a peça: “Quero mostrar maneiras diferentes de receber as emoções, teatralmente falando. Essa é muitas vezes a função de um ator. O que, de alguma forma, pode aliviar algumas dores e perdas.”
Com uma peça de grande carga dramática, o ator admite que é inevitável não pensar na morte, um dos temas centrais do texto, apesar de conseguir desligar bem ao fim do dia. “Quando somos jovens, não pensamos muito nisso, mas quando nos apercebemos que a vida tem um fim, que isso faz parte, é mais fácil. Pessoalmente, estou a encarar a ideia naturalmente. Todos nós já perdemos alguém na vida, nem que seja um animal, que também é uma dor muito forte. Já perdi pessoas, já tive pessoas próximas que passaram por doenças terminais, portanto aproveitei estas memórias e emprestei-as a este maravilhoso Sam”, concluiu.