A atriz Graça Lobo, fundadora da Companhia de Teatro de Lisboa, morreu esta segunda-feira aos 85 anos, em Torres Vedras, disse à agência Lusa fonte da Casa do Artista.
Nascida a 12 de abril de 1939, Graça Lobo destacou-se no teatro como atriz e encenadora. Ao longo de uma longa carreira de quase 50 anos, representou sobretudo textos que definiram o teatro contemporâneo, de dramaturgos como Luigi Pirandello, Samuel Beckett, Jean Genet ou Harold Pinter.
Entre vários sucessos, destaca-se o seu desempenho de Hedda Gabler, na peça de Henrik Ibsen com o mesmo nome, que lhe valeu as melhores críticas e salas lotadas.
A sua estreia aconteceu na Casa da Comédia, em fevereiro de 1967, nas Noites Brancas, de Dostoievsky, com encenação de Norberto Barroca, quando ainda era aluna do Conservatório Nacional.
Depois, fez parte do Teatro Estúdio de Lisboa, de Luzia Maria Martins, e do Teatro Experimental de Cascais, dirigido por Carlos Avilez, e de outras companhias pioneiras do teatro independente, desafiando os anos da ditadura com uma irreverência que já na altura a caracterizava,
Fundadora da Companhia de Teatro de Lisboa
Em 1979, fundou, então, a Companhia de Teatro de Lisboa, pondo em cena autores como James Joyce, Harold Pinter, Noel Coward, Alan Ayckbourn, Miguel Esteves Cardoso, entre outros autores.
Foi Molly Bloom, a partir de Ulisses, de James Joyce, e pôs em cena as Cartas Portuguesas Atríbuídas a Mariana Alcoforado. Este espetáculo, que dominou a temporada de 1979-1980 do Teatro Nacional D. Maria II, abriu-lhe as portas dos palcos internacionais. Passou por cidades como Liubliana, Tóquio, São Paulo, São Francisco e Nova Iorque, onde esteve no histórico La Mamma Experimental Theatre.
Entre os seus espetáculos mais recentes estão Aqui Estou Eu Vírgula Graça Lobo, de 2003, e As Três (Velhas) Irmãs, peça encenada por Martim Pedroso, no Teatro D. Maria, em 2015.
Em 2001, editou Sinceramente, sequência de breves histórias.
Graça Lobo gostava de afirmar as suas contradições e irreverência, que assumia como um traço de caráter, como referiu em diversas entrevistas ao longo da sua carreira e até em tertúlias televisivas. “Tenho a mania da liberdade”, dizia.
Morreu Graça Lobo aos 85 anos