As gravações da novela da SIC Senhora do Mar, onde deu vida à personagem Maria, já terminaram há algum tempo, mas nem por isso Júlia Van Zeller Palha abrandou o seu ritmo de trabalho. Depois de ter rodado o filme Lavagante, de Mário Barroso, a atriz deverá gravar mais episódios da série O Clube, da OPTO, em setembro e, entretanto, tem promovido o filme Podia Ter Esperado por Agosto, a primeira longa-metragem realizada por César Mourão, na qual faz par romântico com o humorista. Foi precisamente a propósito da sua participação neste filme que a CARAS marcou encontro com a atriz, de 25 anos.
Numa entrevista descontraída, Júlia voltou a sublinhar a sua autenticidade e personalidade forte ao falar da sua carreira, de projetos futuros e da sua visão sobre a vida. No meio da agitação que marca os seus dias, a talentosa atriz tenta, naturalmente, encontrar tempo para desfrutar da companhia de Frederico Porém Murta, o forcado amador de Vila Franca de Xira por quem se terá apaixonado há cerca de um ano.
– A sinopse de Podia Ter Esperado por Agosto descreve a sua personagem, Laura, como sendo bonita, com personalidade vincada e decidida, que diz o que pensa. Características que parecem suas.
Júlia Palha – [Risos] A ideia deste projeto já existia na cabeça do César Mourão, mas a minha presença surgiu a partir do momento em que fizemos juntos o programa Vale Tudo. Na altura, meio a brincar, disse-lhe que bem que podia pensar num projeto para eu entrar. E foi o que o César fez. Desenvolveu uma personagem para mim. E essas características são, se calhar, a ideia que o César Mourão tem de mim, Júlia Palha.
– Foi, então, um papel desenhado à sua medida?
– Foi um papel construído um bocadinho à minha medida, sim. Claro que há muitas coisas que depois criámos e adaptámos ao longo das gravações, mas esta Laura foi, de facto, criada de raiz para mim.
– E foi fácil para si representar uma personagem que, na verdade, é exatamente como a Júlia?
– Não, se calhar até foi mais difícil. Tudo o que é mais diferente da nossa realidade é mais fácil de interpretar. Quando estamos a ir ao encontro de emoções que são mais nossas ou de características que fazem parte da nossa personalidade, acaba por ser mais constrangedor fazê-lo ou, pelo menos, mais difícil.
– Foi, então, complicado conseguir “vestir” este papel?
– Não, porque depois a história é uma situação pela qual nunca passei. Portanto, nesse sentido, não foi difícil, foi até muito divertido, na verdade. Divertimo-nos tanto durante as gravações e correu tudo tão bem que, um destes dias, ao refletirmos sobre o tema, chegámos todos à conclusão que, se tivéssemos de filmar tudo de novo, toda a gente voltaria a embarcar no projeto, de tão maravilhoso e fácil que foi, em todos os sentidos.
– A Laura não tolera mentiras e detesta que a tomem por parva. É o que acontece também consigo?
– Isso é um bocadinho uma característica de qualquer pessoa inteligente. Ninguém gosta de ser tomado por parvo. E a verdade é das melhores coisas que temos na vida. Mentir não agrada a ninguém.
–Também diz que a vida é demasiado importante para ser passada com a pessoa errada.
– A Laura é uma romântica e, portanto, no fim do filme, não querendo fazer spoiler de nada, ela toma as decisões certas.
– E a Júlia, pensa da mesma forma?
– Na vida devemos fazer o que nos faz felizes. Depois, tudo vem por consequência.
– É nessa fase que se encontra neste momento, feliz?
– Estou numa fase de muito trabalho, muito focada na minha carreira e essa é a minha prioridade neste momento.
– Esteve a gravar mais uma longa-metragem, Lavagante.
– Sim, é um filme que se passa nos anos 60. Uma história de amor. Não podendo revelar ainda grande coisa, é um filme que, se calhar, vai passar fronteiras daqui a um ano, talvez, quando estiver a estrear.
– Que é, no fundo, um dos seus objetivos, arriscar uma carreira internacional.
– Costumo dizer que o objetivo de qualquer artista é sempre tocar o máximo de pessoas possível com a sua arte. Estando obviamente muito satisfeita, feliz e grata por todo o trabalho que tenho cá, isso passa por atingir uma parte de carreira internacional. Fico, portanto, contente com tudo o que forem plataformas para me lançarem nesse sentido.
– Que planos tem para aproveitar este verão ao máximo?
– Definitivamente irei fazer férias com a minha família, estive recentemente na Sicilia, na despedida de solteira de uma das minhas melhores amigas, e vou tentar aproveitar para viajar para outros destinos, se conseguir.
– Tem alguma dieta específica para manter o seu corpo em forma durante a temporada de biquínis?
– Gosto de manter o meu corpo em forma o ano inteiro e isto não é cliché. Não devemos andar a correr atrás de objetivos ou de períodos do ano. Devemos sentir-nos sempre bem, em equilíbrio. Há dias em que como melhor, outros dias em que como pior, e concilio isso com muito desporto. Genuinamente, gosto de me sentir bem todo o ano, não é agora, porque chega a altura do biquíni, que vou emagrecer. Claro que temos fases e dias, mas gosto de me sentir confortável com o meu corpo todo o ano.
– Até porque, entretanto, vai fazendo campanhas de lingerie e de fatos de banho…
– Sim, claro, trabalho com a minha imagem e, se não estiver confortável, não vou conseguir transmitir uma imagem feliz e confortável, que é o mais importante.
– Tem truques para conseguir escolher o biquíni perfeito, que valorize o seu corpo?
– A Calzedonia este ano está com uns muitos giros, mas sou suspeita, porque sou embaixadora deles e fiz a última campanha. Acima de tudo, é conseguir conciliar o conforto com a moda. Cada vez mais os biquínis, a moda em geral, tem coisas muito diferentes e, às vezes, as pessoas só querem seguir a moda e não procuram aquilo que é adequado ao seu tipo de corpo. E, na verdade, temos que conhecer bem o nosso corpo, saber se temos mais peito ou menos peito, mais anca ou menos anca, e encontrarmos os formatos que nos favorecem melhor. Claro que, depois, há sempre aquelas escolhas mais seguras: quanto menos padrões, melhor, por exemplo.
– Questiona muitas vezes o seu papel no mundo?
– É uma questão que nós, jovens, pomos muito a nós próprios. O que é que estamos aqui a fazer, qual é o nosso propósito… E à medida que vamos crescendo, vamos percebendo que não estamos aqui para mudar o mundo. Estou, aos poucos, a aceitar que quero apenas deixar a melhor marca possível, ajudar, fazer bem às pessoas de quem gosto, mas não vou poder mudar o mundo, portanto, não vou correr atrás de um objetivo, daquilo que quero ou não ser.
– O que é que é para si um luxo?
– Viver na linha de Cascais e poder ir dar um mergulho depois de um dia de trabalho. Isso, para mim, é um grande luxo.
– Tendo uma costela ribatejana, considera-se mais uma pessoa do campo ou da cidade?
– Vou ter de dizer que, apesar de ser do campo, gosto mais de viver na cidade. Gosto de vida, de agitação, gosto das coisas à distância de poder descer e estar no café ao fim do dia. Sou muito citadina. Não sei o que é que o futuro me reserva, mas, nesta fase da minha vida, sou definitivamente muito citadina.