Grande adepto de desporto, participando, inclusive, em provas de triatlo, Tiago Teotónio Pereira, de 35 anos, aceitou de imediato estar presente numa aula de kickboxing que decorreu durante o evento de lançamento do Nestum Pro, que decorreu no ginásio 1Fight.
A CARAS aproveitou o momento e conversou com o ator sobre a nova etapa da sua vida, desde que a filha mais nova, Júlia, de seis meses, se juntou à família que o ator formou ao lado da mulher, a designer Rita Patrocínio, e da primeira filha, Camila, de 3 anos.
Sem dourar a paternidade, que admite ter fases muito duras e ser difícil de conjugar com uma vida profissional com horários exigentes, assume, no entanto, que foi o melhor que aconteceu na sua vida e que não troca o papel de pai por nenhum outro.
– O desporto é uma boa forma de evasão?
Tiago Teotónio Pereira – Para mim, é sem dúvida. Não faz sentido não fazer desporto. Faz parte dos meus dias sempre. É um tempo que passo sozinho, longe das redes sociais, a exercitar o corpo e a mente, em que não penso nos problemas, na verdade, posso mesmo não pensar em nada e só estar focado no que estou a fazer. É um momento muito especial, passado sozinho, o que hoje em dia, por muito que se tente, é difícil de conseguir noutras circunstâncias, nem que seja pela tentação do telemóvel. O desporto obriga-me a estar só comigo e acho que todos devíamos ter esses momentos, mesmo que muita gente não possa treinar todos os dias. No meu caso, faço questão que esteja na minha rotina. É óbvio que há dias em que não consigo, ou porque as minhas filhas estão doentes, ou porque a Rita tem de trabalhar e não dá para conciliar, e não morro por causa disso, mas se estou dois ou três dias sem treinar já fico mais rabugento e a minha mulher diz-me logo para me ir mexer.
– Como tem sido a vossa dinâmica agora com duas filhas?
– Tem sido complicada, há que admitir. Duas é mais difícil do que uma, sem dúvida, mas é uma fase. São dois anos mais duros e depois tudo melhora. Há dias em que tenho mais coisas para fazer, outros em que é a Rita, e nesses pedimos ajuda aos meus pais, aos da Rita ou recorremos a babysitters. Vamo-nos adaptando e sobrevivendo. Dividimos absolutamente tudo e apoiamo-nos em tudo. Um faz o jantar, enquanto o outro vai passear a cadela, dividimos o banho das miúdas, até porque a Camila quer sempre que seja à vez. Fico um pouco ansioso quando trabalho muitas horas fora de casa, tento aceitar projetos mais pequenos, não tanto o novelão de um ano, porque elas são muito pequenas e, além de querer estar presente, tenho essa obrigação. Graças a Deus a Rita é uma supermãe.
– A Camila e a Júlia têm personalidades diferentes?
– São muito diferentes. Ambas são muito ativas, mas a Júlia fica entretida meia-hora com os brinquedos de bebé. A Camila não ficava entretida com nada, tinha de estar sempre em atividade, a ser animada. Esta brinca sozinha, o que nos dá um bocadinho de descanso.
– Habitualmente, os pais com filhos pequenos queixam-se das poucas horas de sono que têm. Também o faz?
– Não há como ser diferente. Claro que dormimos pouco com duas bebés, mas estamos felizes com esta família que começámos e aceitamos a normal adaptação e o crescimento das nossas filhas. Ao darmos este passo, que faz todo o sentido na nossa vida, sabíamos que os primeiros tempos não iam ser fáceis. Se calhar, nenhum é. Cada fase delas será um novo desafio para nós.
– Referiu que recorrem, por vezes, aos avós. É uma ajuda fundamental nesta fase mais desafiante?
– Completamente. A bebé ainda não se manifesta, mas a Camila adora estar com os avós. Ficamos descansadíssimos e podemos tirar algum tempo para nós, o que também é muito importante. O sonho da minha mãe era ser avó e agora está feliz da vida. Para já, sou o único dos irmãos a ter filhos, os outros andam a adiar o inadiável, e as minhas filhas têm uma das avós só para elas. O meu pai, tal como a minha mãe, é um avô muito novo e ativo e também está muito presente na vida delas. A família está toda unida à volta delas, o que é maravilhoso.
– Como é que encara a paternidade?
– A paternidade é um caminho sem retorno. Não há nada a fazer e ser pai é espetacular, incrível mesmo. Adoro ser pai. Claro que é um bocadinho assustador pensar que agora sou responsável por duas pequenas pessoas, mas ao mesmo tempo não há nada melhor no mundo do que ter as minhas filhas.
– Gosta de ser pai de meninas?
– Gosto mesmo muito. Não tivemos um segundo filho para ir atrás do rapaz e se formos ao terceiro também não será para isso. Estou bem a ser pai de raparigas, acho até que dão menos trabalho. Os rapazes são mais estroinas e, portanto, estou muito bem assim.
– Tanto o Tiago como a Rita vêm de famílias numerosas. É algo que também querem para vocês?
– Nós sempre falámos em ter a nossa família, sendo indiferente o número de filhos, mas nesta fase não me apetece ter mais, porque Júlia ainda é mínima. Tem de passar o trauma e depois falamos nisso outra vez. Fiquei traumatizado na primeira, depois esqueci-me, agora estou traumatizado na segunda. Espero esquecer-me e ir à terceira [risos]. No fundo, vimos ambos de famílias com muita gente, estamos habituados. Tenho três irmãos, 30 primos e estamos juntos todas as semanas, a Rita tem cinco irmãs e 12 sobrinhos, até os acho poucos, porque a minha família tem mais gente.
– Tendo agora duas filhas dá por si a pensar mais na questão da igualdade de género, no facto de as mulheres ainda não estarem no mesmo patamar em muitos lugares da sociedade?
– Sempre pensei muito na igualdade de género, mesmo quando ainda não tinha filhas, e há de facto um caminho a fazer neste sentido. Mas confesso que, como pai, penso muito no assédio às mulheres, que cada vez me faz mais confusão, na exposição cada vez mais cedo nas redes sociais, que é preocupante. Como pai, isso assusta-me verdadeiramente. Espero e acredito que quando as minhas filhas forem mais velhas as coisas já vão estar diferentes e haverá mais igualdade género, oportunidades iguais tanto para homens como mulheres. Quero acreditar que vamos todos evoluir e eu vou estar sempre aqui para as apoiar e proteger.