
“Sou um homem do Porto, apesar de ter nascido em Lisboa e ter passado a adolescência em Viseu”, diz Gio Rodrigues, designer de moda que, na Invicta, tem três sítios de eleição: o Palácio da Bolsa, a Torre dos Clérigos e o Parque de Serralves.
Foi no Porto que estudou arte, design e moda. O gosto pelo estilismo herdou da avó, que era modista e costurava vestidos e fatos de cerimónia.
A estatura – tem 1,90m de altura – abriu-lhe as portas do mundo da moda, tendo desfilado ao lado de grandes manequins nacionais, como David Simões e Sofia Aparício, mas a timidez não o ajudou. O próprio confessa que “não tinha jeitinho nenhum”.
Hoje, apesar de ser uma figura pública que prima pela simpatia com todos, Gio Rodrigues está mais recatado quando à sua vida privada, embora fale com orgulhos dos seus três filhos, nomeadamente: Romeu, de 19 anos, fruto do seu casamento com Sónia Albuquerque, Lourenço, de 13, e Maria Clara, de 9, nascidos da sua relação (também já terminada) com Ana Gomes.
Os dois filhos mais novos gostam de moda e até já pensam em criar uma marca, “talvez seja este ano”, diz o pai, não escondendo a alegria de ver os seus descendentes seguirem os seus passos. Já o mais velho está a tirar Gestão de Restauração e a ideia é ajudar o progenitor no seu outro negócio, que é um restaurante onde se ouve fado e que fica mesmo ao lado da emblemática Estação de São Bento no Porto.
Gio Rodrigues recebeu a CARAS no seu ateliê de moda no número 114 da Rua 31 de Janeiro, em plena Baixa portuense, e falou-nos das tendências que vão marcar o ano que agora se iniciou.
– Quais as principais tendências para 2025 em relação ao vestuário feminino?
Gio Rodrigues – As principais tendências deste ano são os vestidos em estilo sereia, old money e o século XIX. Os vestidos de sereia são confecionados com tecidos lisos ou texturais. O estilo old money surge como uma tendência marcante, com a escolha de tecidos como o crepe para composições elegantes e intemporais, evocando uma sensação de elegância e tradição. O old money é inspirado nas famílias aristocráticas, valorizando elementos atemporais e rendados, transmitindo uma atmosfera de luxo discreto. Os decotes volumosos e as referências ao século XIX também ganham força, com inspirações que remetem à dama antiga, valorizando tecidos nobres como mikados e sedas texturadas. As cores predominantes são o branco mármore e o branco nuvem, que transmitem suavidade e modernidade.

– E quanto aos homens?
– Os noivos recebem atenção especial, com o retorno de peças clássicas como o fraque e o smoking. No entanto, há espaço para opções mais despojadas, como fatos em tons de bege ou branco, confecionados em tecidos como linho, podendo ser usados com ou sem gravata; um fato bem alinhado e de qualidade, mas que mantenha aquele ar leve e moderno. As cores em destaque incluem azul escuro ou preto para fraques, sendo possível explorar variações de conjunção de cores. Já para os smokings, destacam-se as combinações como azul meia-noite com calça preta e blazer branco. Outra tendência são os fatos em tons pastel, como verde celeste, verde pastel e azul ciano, além de opções em branco ou bege, que transmitem uma estética mais leve e arejada.
– E para as mães de noivas e/ou noivos?
– Os modelos devem ser únicos, confortáveis e adaptados ao tipo de cerimónia. A escolha da cor deve ser planeada cuidadosamente, levando em conta o que se deseja enaltecer ou esconder [risos]. Entre as tendências para essas ocasiões, destacam-se os vestidos lisos com detalhes em 3D, como o laço, além de modelos de comprimento midi, que combinam modernidade e elegância. As cores para as mães seguem uma paleta poética e única, incluindo tons como amarelo torrado, azul ciano e verde pastel, que conferem um toque delicado e sofisticado.
– Qual será a grande aposta da marca Gio Rodrigues?
– Criar um departamento novo na empresa, a do fardamento, onde se faz uniformes sob medida, o que já me está a dar muito prazer em realizar. Fizemos as fardas do W Hotel no Algarve e das bombas da gasolina da Prio. No design somos bastantes versáteis a trabalhar.
– Defina uma mulher que vista Gio Rodrigues.
– É elegante, sofisticada, atual e que pensa “fora da caixa”, a que tem um olhar atento para peças que combinam qualidade superior, cortes perfeitos e detalhes únicos. Para eventos especiais ou momentos inesquecíveis, ela escolhe Gio Rodrigues porque sabe que não está apenas a vestir uma peça de roupa, mas a expressar a sua essência, traduzida em força, delicadeza e exclusividade.
– E um homem?
– Acho que consigo definir em três palavras: confiante, sexy e perfecionista. O que procura uma peça que o distinga dos outros sem precisar de grandes adornos. Quer peças que o deixem sexy, em que o rigor do corte e a qualidades dos tecidos são as principais características.
– É difícil vestir um homem de 1,90m como você?
– A minha altura pode ter sido umas das razões de querer ser designer de moda, pois na minha adolescência deparei com grandes dificuldades em ter roupa que me servisse. Hoje ainda me acontece, pois os comprimentos não estão adaptados ao meu tamanho, visto que a maioria dos homens do sul da Europa não chega a medir 1,80m. Fazer peças para homens muitos altos ou baixos, ou com peso a mais ou a menos, é sempre um desafio. Cabe ao designer ou ao alfaiate encontrar a proporção certa para a pessoa ficar o mais elegante possível.
– Que celebridade gosta mais de vestir?
– Já vesti quase todas as celebridades mais relevantes de Portugal, como por exemplo, a Cuca Roseta, Liliana Campos, Carolina Carvalho, Raquel Prates, Maria de Medeiros, entre muitas outras, e são todas muito especiais para mim.
– A nível profissional, o que espera do novo ano?
– Faço 25 anos de carreira no mundo da moda, temos vários projetos em mão, como a nova linha de joias, abertura de novos restaurantes e talvez um Globo de Ouro, já estava na altura de o receber.

– Os seus filhos interessam-se por moda?
– O Romeu está a tirar licenciatura de Gestão de Restauração, o que me deixa muito feliz porque vai me ajudar muito no projeto Fado no Porto, o meu novo restaurante, que fica mesmo ao lado da Estação de São Bento e, como o nome indica, é um restaurante de fado. O Lourenço e a Maria Clara gostam muito de moda. Até já andam a planear criar uma marca, vamos ver se a ideia se concretiza no novo ano.
– Eles pedem ao pai que lhes faça alguma peça em especial?
– Sempre, principalmente a Maria Clara que não sai do ateliê sem pedir peças novas. Como é a menina da casa, já imaginam o resultado [risos].
– Considera-se um homem vaidoso?
– A minha avó Clara já me dizia que “quem tem brio, não tem frio” por eu andar com pouca roupa no inverno durante a minha juventude. Sim, considero-me um homem vaidoso, pois cuido de mim. Fiz 49 anos no dia 7 de dezembro e quero chegar impecável aos 50. É muito importante cuidar da nossa estética, pois é o nosso cartão de visita. Apesar de muitas pessoas acharem que a roupa não nos define, não concordo com isso.
– E está apaixonado?
– Estou completamente apaixonado [risos].