No congresso que elegeu Assunção Cristas líder do CDS/PP, que decorreu no passado dia 13 de março em Gondomar, duas das filas da sala foram ocupadas por um grupo de adultos e crianças que não conseguiam disfarçar sorrisos de orgulho. Pais, irmãos, cunhados, sobrinhos, filhos e marido aplaudiram efusivamente o discurso da antiga ministra. “Sem todos eles isto nunca seria possível, em particular sem o Tiago”, assegurou Assunção no seu discurso de agradecimento, referindo-se ao jurista Tiago Pereira dos Reis Machado da Graça, que conheceu ainda no liceu, aos 17 anos, e com quem viria a casar-se seis anos mais tarde, um ano depois de ter concluído a licenciatura em Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Mãe de quatro filhos, Maria do Mar, de 13 anos, José Maria, de 11, Vicente, de nove, e Maria da Luz, de dois anos e meio, Assunção tem contado com a colaboração e o apoio incondicional do marido de modo a conseguir manter uma relação familiar equilibrada. Aos fins de semana, por exemplo, quando era obrigada a deslocar-se a vários pontos do país no exercício das suas funções enquanto ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, a família acompanhava-a sempre e, assim, refere o marido, os filhos acabaram por ficar a conhecer aldeias e vilas que, de outro modo, dificilmente conheceriam.
Licenciada em Direito, Assunção Cristas conciliava o exercício da advocacia com as aulas que dava no ensino superior quando foi seduzida por Paulo Portas para se iniciar na vida política, tornando-se militante do partido em 2007. Frontal, transparente, fiável e pragmática, Assunção foi conquistando a simpatia e o reconhecimento dos seus pares, estreando-se como deputada, há seis anos, na Assembleia da República. Mais tarde, acabaria por se tornar a primeira mulher a desempenhar o cargo de ministra da Agricultura em Portugal, na primeira mulher em Portugal a ser mãe enquanto governante e, no último fim de semana, passou a ser também a primeira mulher líder do partido CDS/PP.
Filha de uma médica e de um empresário ligado à cultura de café e à criação de gado, Assunção é a filha do meio de quatro raparigas e um rapaz. Nasceu em Luanda em setembro de 1974 e, nove meses depois, em maio de 75, chegou a Lisboa. Herdou da avó materna o nome Assunção. A pouca diferença de idades entre irmãos fez com que se tornassem muito próximos. “Sou a filha do meio de cinco irmãos e, enquanto era criança e adolescente, isso por vezes causava-me problemas porque os meus pais diziam que eu me ia encostando ora aos mais velhos, ora aos mais novos, consoante era mais vantajoso. A verdade é que é preciso dialogar muito, trabalhar muito, ter espírito construtivo, perceber as oportunidades e isso dava-me muito trabalho. Hoje, não há nada como ter uma família grande e perceber que é preciso muito diálogo e muito consenso”, assegurou Assunção no seu discurso de eleição, testemunhado de perto pelos seus irmãos, Aurora, Natália, Judite e António, por quem é carinhosamente tratada por Becas.
Assunção sempre foi muito boa aluna e, no segundo ano da escola primária, já dizia que um dia seria advogada, embora tenham sido poucos os anos em que exerceu, de facto, advocacia, como a própria admite. Gosta de dar aulas, de ler e refletir e descobriu o gosto pelas caminhadas e corridas na última gravidez. Aos 39 anos, a advogada queria recuperar rapidamente a silhueta assim que a filha nascesse e, pouco depois de se ter iniciado nas caminhadas – muitas vezes ia a pé da Assembleia para casa –, começou a correr, com frequência, à beira-rio.
Católica praticante, Assunção faz questão de ir com a família à missa todos os domingos, tal como foi educada pelos pais. Trabalhadora, empenhada, sorridente e solidária, a política tem perfeita noção de que não teria chegado onde chegou se não tivesse contado com a ajuda do núcleo familiar alargado. “Ajudamo-nos
uns aos outros incondicionalmente, também a ela por causa das crianças. Fazemos isso tudo com muito gosto, permitindo também a ela a retaguarda assegurada para poder desempenhar o papel que tem vindo a desempenhar e que nos tem maravilhado”, afirmou o pai de Assunção durante o congresso, enquanto a mãe, Judith Cristas, confessou: “Ao princípio não queria que ela fosse para a política. Mas, desta vez, disse-lhe que devia avançar”. Também Maria do Mar, a filha mais velha de Assunção, frisou a importância deste novo desafio da mãe quando interpelada em Gondomar: “Acho que é muito importante haver mulheres na política, para mostrar que não são só os homens [nesta área]. É preciso haver igualdade de género.” Quanto à maior indisponibilidade que este cargo poderá causar no dia-a-dia da família, o filho José Maria é pragmático na avaliação que faz da situação: “Como a minha mãe está a ajudar o país, acho que está bem.”
Assunção Cristas: Família em peso aplaude novo desafio profissional
Foi com emoção e alegria que o marido e os quatro filhos do casal celebraram mais uma vitória da advogada e ex-professora universitária, de 41 anos.
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