A decisão do príncipe André de se retirar da vida pública, depois de ter concedido uma entrevista na televisão para esclarecer a sua vinculação ao caso Epstein, é a primeira a acontecer em mais de oito décadas na família real britânica. Para se ver ser tomada uma decisão semelhante é preciso recuar a 1936, quando Eduardo VIII, tio de Isabel II, abdicou da coroa, mas por motivos diferentes.
Na época, o então rei de Inglaterra entregou a coroa ao irmão, Jorge VI, para se poder casar com Wallis Simpson, uma americana divorciada.
De acordo com o Daily Mail, alguns especialistas encontram certos paralelismos entre o anúncio do duque de York e aquele que o seu tio-avô fez nos anos 30. A professora Judith Rowbotham, da Universidade de Plymouth, qualifica como “sábia” a decisão de o príncipe não continuar a alimentar este assunto, colocando um ponto final neste tema, ao desvincular-se dos deveres institucionais da Coroa. “Não acredito que seja uma monarquia em crise, ainda que um membro da família real tenha renunciado às suas obrigações. Poderia ter sido muito pior se o duque de York não tivesse feito o que tinha que fazer (renunciar ao cargo)”, afirmou.
Diferente do que aconteceu com Eduardo VIII, que por opção própria abdicou do trono, o príncipe André viu-se de certo modo obrigado a tomar esta decisão, uma vez que é um caso de maior gravidade, envolvendo um escândalo sexual, o que o levou até a perder a maioria dos apoios e patrocínios que tinha.
“Nos últimos dias, ficou claro para mim que as circunstâncias relacionadas com a minha antiga associação com Jeffrey Epstein causaram problemas significativos no trabalho da minha família e no valioso trabalho realizado pelas muitas fundações e instituições de caridade das quais me orgulho. Portanto, pedi a Sua Majestade que pudesse afastar-me dos deveres públicos no futuro e a rainha deu-me sua permissão”, começa por dizer no documento oficial sobre a sua retirada da vida pública.
“O seu suicídio [de Epstein] deixou muitas perguntas sem resposta, principalmente para as suas vítimas, e compreendo profundamente todos aqueles que foram afetados e de alguma forma querem encerrar isto. Só posso esperar que, com o tempo, possam reconstruir as suas vidas. É claro que estou disposto a colaborar com as autoridades na sua investigação, se necessário”, concluiu.
Em aberto fica a possibilidade de, no futuro, o príncipe retomar a sua agenda oficial.
Recorde a entrevista em que o príncipe André fala sobre a sua relação com Jeffrey Epstein.