Rodrigo Guedes de Carvalho assume que escreve “desde sempre, ainda antes de ser jornalista”, e diz que encara “todo o processo de escrita com a seriedade de um trabalho”. Por isso, é sempre com muita alegria, mas também algum nervosismo, que apresenta os seus livros. O seu nono romance, As Cinco Mães de Serafim, marca o início de uma nova fase de criação literária do escritor e jornalista, que coincide com os seus 60 anos.
“Um romance tem toda uma estrutura que precisa de tempo e dedicação. Os dias são desiguais.” (Rodrigo)
“Este livro começa de um zero absoluto, criei um novo universo, com novas personagens, mas é curioso que já tenho pessoas que o estão a ler e a pedir para estas personagens terem uma continuação, à semelhança dos meus últimos três livros”, explicou-nos o autor durante a apresentação do livro, que teve lugar na Cinemateca e contou com a presença de vários colegas da SIC, mas também de alguns familiares, como a sua mulher, a também jornalista da SIC Teresa Dimas.
O pivô do Jornal da Noite, da SIC, contou ainda como consegue arranjar tempo para escrever: “É uma questão de trabalho e disciplina, porque, no limite, tudo se resume a isso. Não há resultados sem disciplina. Eu tenho um horário de trabalho a cumprir e tenho de ‘roubar’ ao resto do meu dia para escrever. No meu caso, acordo muito cedo e às 6h30 já estou a escrever. Escrever é um ato muito solitário e que encaro com a seriedade de um trabalho. Um romance tem toda uma estrutura que precisa de tempo e dedicação. Os dias são todos desiguais, umas vezes escrevo uma página e outras oito, mas sei que preciso de rotina, até para não perder a mão às personagens.”
“Acho que o Rodrigo escreve muito bem, com muita emoção, e o que ele faz é literatura.” (Teresa Dimas)
Mulher de Rodrigo há 28 anos, Teresa Dimas confirmou que o autor é “extremamente disciplinado e organiza-se num horário que não interfere no nosso tempo de casa” e assumiu que se sente muito honrada por ser sempre a primeira a ler os livros: “Gosto muito da escrita do Rodrigo e gosto sempre dos livros dele. Há uns que leio mais rápido do que outros e este li-o rapidíssimo, julgo que em dois dias. É um livro muito envolvente, que nos dá muita vontade de chegar ao fim depressa.” A pivô fez ainda questão de sublinhar o orgulho que sente no percurso do marido: “Acho que é natural aos jornalistas gostarem de escrever e acho que o Rodrigo escreve muito bem, com muita emoção, e o que ele faz é literatura.”
O livro foi apresentado pela escritora Rita Ferro, que, apesar de estar a viver no Ribatejo, aceitou o convite de imediato. “Não somos amigos, somos vizinhos na Feira do Livro, e o Rodrigo foi muito amável em me convidar. E eu aceitei como cortesia para com um colega. Acho imprescindível que nos apoiemos uns aos outros”, explicou Rita, mostrando-se realmente encantada com a obra: “Adorei o livro. É que gostei mesmo muito! É um livro espantosamente bem articulado, sempre imprevisível, sem um único lugar-comum. Não cede à tentação de exibir erudição, não tem um beijo nem uma cena sexual, o que num romance é extraordinário, e até ao fim nunca sabemos o desfecho. Eu que sou daquelas que nas primeiras páginas já sei ‘quem matou a empregada’, mas nunca, em capítulo algum, acertei com o que estava a pensar. E, mesmo no fim, quando julgamos que ele nos vai fazer determinadas revelações, não faz e faz outras que interessam muito mais.”
Fotos: Luís Coelho