Nascida e criada no Alentejo, em Montemor, de onde saiu aos 18 anos direta para a Escola Superior de Teatro e Cinema, Joana Barrios é atriz, mas podia ser chef de cozinha – até porque cresceu numa, a do restaurante dos pais. Com uma carreira eclética – foi porteira da discoteca Lux; trabalhou em teatro; criou o blog Trashédia onde escrevia sobre moda; apresentou programas na televisão (Armário, na RTP2, e Super Swing, no Canal Q), sendo atualmente presença assídua na cozinha dos programas de Cristina Ferreira – é na cozinha, que se sente como peixe na água. E é lá que põe em prática a sua filosofia de alimentação ética, anti-desperdício e com menor impacto ambiental – e sempre com uma inspiração alentejana.
Confessa que o que lhe dá gozo é fazer os outros felizes à volta de uma mesa e por isso começou a cozinhar desde cedo. “Tenho uma educação artística e olho para a cozinha como um espaço de criação e liberdade infinitas. A cozinha é o sítio onde invento coisas para fazer as pessoas felizes. Um dos meus avós odiava tudo o que era típico da ceia de Natal. O meu outro avô também não era grande fã. E a minha avó dizia que não sabia cozinhar. E então calhava-me a mim fazer a ceia de Natal. Era a minha oportunidade de os fazer felizes. Para o meu pai fazia polvo com batatas cor-de-rosa; para o meu avô, postas de pescada com um molho de manteiga; e assava o peru no forno de lenha. Tudo a acompanhar com batatas fritas, ovos estrelados, porque era o que todos gostávamos”.
Com um Natal diferente, neste ano tão atípico, à porta, Joana Barrios conta que continua a fazer o que sempre fez: “sou a freak que confeciona os presentes, faz os embrulhos e pensa em tudo”. Assim como a ceia, que este ano aposta nos elementos tradicionais da Consoada – o bacalhau, o grão, a batata, os grelos – “só que com outro ar: um puré de grão que poderia ser um hummus, uma esmagada de batata doce, umas batatas a murro, uns grelos salteados… Tudo aquilo de que gostamos mesmo!” Segue a receita.
Bacalhau da Noruega da Consoada
Ingredientes
• 3 bons lombos de Bacalhau da Noruega devidamente demolhados
• 1 cabeça de alhos • 200 gr. de pistachios • 1 folha de louro • 500 gr. de batata
doce • 500 gr. de batata branca • 500 gr. de grão de bico • 1 molho de grelos
de couve • 2 ou 3 fatias de broa de milho • Água, Sal, Pimenta, Azeite
Comece por escaldar os lombos de bacalhau da Noruega em água a ferver, sem sal; retire e reserve; Esmague alguns dentes de alho e reserve; Pique os pistachos e reserve; Num tabuleiro de ir ao forno deite um generoso fio de azeite e disponha os lombos de bacalhau da Noruega com a pele para baixo; retire as espinhas maiores e deite os alhos, outro fio de azeite, a folha de louro e distribua bem os pistachos picados por cima dos lombos de bacalhau; tempere com sal e pimenta e leve ao forno pré aquecido a 180ºC por cerca de 20 minutos.
Lave muito bem as batatas com a pele, escalde-as em água a ferver, embrulhe-as em papel de alumínio e leve-as a assar por cerca de meia hora, no mesmo forno já quente; Com a ajuda da base de um copo, esmague grosseiramente as batatas brancas e passe-as por um fio de azeite numa frigideira até estarem douradas de ambos os lados.
Pele a batata doce e esmague-a apenas com um garfo, regue com um fio de azeite, tempere com sal e reserve.
Coza o grão de bico com dois dentes de alho em água com sal e deixe que fique muito bem cozido; coe o grão de bico mas guarde a água da cozedura, pois irá precisar dela para controlar a consistência do puré de grão que irá fazer com uma varinha mágica; tempere com sal, pimenta e azeite e sirva.
Escalde os grelos de couve depois de lavados e cortados e salteie-os num bom fio de azeite com um dente de alho; sirva. Aproveite o calor do forno para torrar umas fatias de broa e pique-as por cima dos grelos, para adicionar uma nova textura.