Foi em outubro de 2020 que Stéphanie Querido tomou a decisão que mudaria a sua vida: um tratamento, para redução de peso. Em oito meses, perdeu 35kg, dando provas de uma determinação ímpar: afinal, esta portuguesa que vive em Genebra, Suíça, trabalhava numa fábrica de chocolates. “Estive quatro ou cinco meses sem provar um chocolate”, partilha, num testemunho à Caras.
Esta é uma história que começa a ser contada nos primeiros meses da pandemia. Como aconteceu com a maioria, também o ritmo de Stéphanie abrandou – mais tempo em casa, menos atividade, mais comida calórica. “Estava bastante pesada”, recorda. Não enfrentava limitações físicas no seu dia a dia, mas o peso incomodava-a: “Sentia-me mal, não gostava de me ver ao espelho. Nunca fui magra, mas tinha atingido um limite em que já não me reconhecia”, conta. Identifica, naturalmente, riscos para a saúde, mas, nessa altura, o que estava em causa era, acima de tudo, a autoestima. Tinha 96kg.
A motivação que faltava
A motivação surgiu no Instagram, nas publicações da Dra. Mara Marques, médica especialista em perda de peso com o Método PronoKal. Já a acompanhava naquela rede social, até porque possuem amigos em comum. “Senti que era a minha vez, que tinha de ser”, comenta. A única dúvida era se seria possível seguir o programa vivendo no estrangeiro. Uma dúvida que se dissipou ao primeiro contacto, do qual retém a disponibilidade da profissional e o incentivo desde logo manifestado. “Foi super prestável, disse-me logo ‘vamos conseguir’”. Sentiu a confiança necessária para se decidir, tanto mais que já tinha tentado outras dietas, outras marcas: “mas nunca levei a sério, pois não funcionam como a PronoKal”, afiança.
Mas, qual foi o empurrão para a decisão? Foram as fotos do “antes e depois” que a médica partilhava online: “Teve grande impacto ver que, em pouco tempo, conseguiram perder bastante peso. Pensei que, se elas conseguiram, eu também conseguiria. Não é como vemos, muitas vezes, na Internet em que fica aquela dúvida se é a mesma pessoa; ali, eu sabia que era verdadeiro.”
Ainda assim, levou algum tempo para iniciar o método: “Há sempre uma desculpa para não começar uma dieta, um aniversário, as férias, vai-se adiando”, relata. Mas, foi mesmo depois das férias desse ano, que se focou em “levar a sério” a perda de peso.
O desafio da reeducação alimentar
A partir daí, foi seguir todos os passos, começando pela definição do peso alvo: com 96kg, assume que ficaria feliz se chegasse aos 70, mas a médica prescritora colocou-a perante um valor mais ambicioso, os 60.
O método PNK tem cinco fases, com a primeira das quais a consistir exclusivamente em produtos PronoKal, ricos em proteínas e baixos em carbohidratos e gorduras, deixando de fora os alimentos que fazem parte da dieta habitual. É toda uma reeducação, mas Stéphanie Querido não hesita em afirmar que “não foi difícil”, desde logo porque “os produtos são saborosos”. Dá como exemplo o pequeno-almoço, um batido de café frappé, que “adorava” e que era, até, muito parecido com o que tomava antes. Na fase cetogénica do tratamento – em que o objectivo é que o organismo entre em cetose e passe a utilizar as reservas de gordura como fonte de energia– recorda que não sentia fome e chegava mesmo a colocar um alarme para comer. Até à fase 5, que equivale a “alta” clínica, vão-se retirando progressivamente os produtos PronoKal, num processo sempre acompanhado pela médica prescritora e pela nutricionista Pronokal. “Reaprende-se a comer, depois é manter”.
Reafirma que “não custa”, mas admite que, para quem gosta de comer e de tomar uma bebida em momentos de convívio, foi “muito desafiante”. O facto é que “passa num ápice”: no seu caso, 35kg perdidos em oito meses. Isso não significa, porém, que não tenha havido obstáculos a superar, como a frustração sentida quando não perdeu tanto peso quanto o esperado. “Ligamos muito à balança, mas as medidas também contam. Quando tinha 20kg a menos, em janeiro de 2021, tinha menos 20 cm na barriga e as pernas já não estavam inflamadas”, conta.
Não pode haver deslizes, diz, afirmando que manteve a disciplina, até no Natal, uma época do ano cheia de tentações e que correspondeu à passagem para a fase 2, em que se introduz uma proteína animal, pelo que já foi possível degustar bacalhau com brócolos. “Fiquei toda feliz!”.
Para esta determinação, muito contribui o grupo de apoio criado no WhatsApp pela Dra. Mara Marques. Ali, é possível esclarecer dúvidas e a entreajuda é essencial: sempre que a médica não está de imediato disponível para responder, há sempre alguém, que já faz a dieta há mais tempo, que se prontifica.
A reeducação alimentar foi acompanhada por várias ferramentas entre elas a prática de exercício físico Sem excessos, mas com regularidade, de modo a não sobrecarregar o organismo: correr, por exemplo, estava interdito, pois é uma atividade que pode comprometer a cetose.
Desses oito meses, elege como o mais difícil o facto de não poder beber álcool: “Sempre fui festeira, mas assumi que era como se estivesse grávida e não bebi”. Também privar-se dos snacks que trincava em frente à televisão exigiu uma mudança de comportamento e hoje já não lhes sente a falta.
E o mais fácil? A decisão, responde, prontamente: “Demorou até a tomar, mas, quando decidi, estava determinada.” E o que aprendeu? “Aprendi que um prato é suficiente, que não precisamos encher a barriga, que precisamos é de ficar satisfeitos, de comer pouco, mas mais vezes”, descreve.
Uma dieta que resulta
É, por isso, “superpositivo” o balanço que faz: “Dou mil em 100. É uma dieta que resulta”, destaca. E de tal modo acredita no método que já influenciou a mãe, quase a terminar e com “ótimos resultados”.
Licenciada em Engenharia Alimentar, e a viver em Genebra, para onde regressou há seis anos, depois de um interregno em Portugal, Stéphanie Querido completa 35 anos no final de maio. Nessa altura, poderá brindar à sua nova imagem e à sua força de vontade.