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CARAS Decoração
Uma casa apalaçada, de início do século XX, situada entre a Praia da Poça e a Praia da Azarujinha, no Estoril.
"Para muitos, a melhor localização do mundo", observa
Cláudia Gameiro (foto21), da Luxuryhomes, empresa escolhida para gerir todo o projeto, desde a obra até à decoração, passando pelo paisagismo e pelos arranjos exteriores dos jardins, numa solução "chave na mão".
Num terreno de 2.500m2, com mais de 20 lugares de estacionamento e edifício principal com uma implantação de cerca de 500m2, a área total do imóvel é de 1.600m2, distribuídos por mais de 20 divisões e cinco pisos.
Na cave, destaque para a piscina interior e amplo salão, com acesso direto ao jardim e completamente virado para o mar. Os dois pisos nobres, totalmente vividos no dia-a-dia, estão ligados pela escadaria principal, sendo o piso térreo dedicado na totalidade às salas e salões e o andar superior reservado aos quartos dos moradores e aos seus filhos, enquanto os quartos dos hóspedes ocupam todo o sótão.
Os quatro andares estão ligados entre si por uma escadaria de serviço e um moderno elevador. O quinto piso, com uma vista privilegiada, é o torreão, cujo acesso, exclusivo, é feito por uma estreita escada secreta. Antigos degraus, completamente dissimulados na muralha da casa, levam às praias e ao Paredão do Estoril.
"Esta casa foi mandada construir por um rico mercador brasileiro, originário da cidade de São Paulo, que lhe atribuiu como seu primeiro nome Casa de S. Paulo, sendo mais tarde alterado para Vila de S. Paulo", conta Cláudia Gameiro
. "Ao longo destes 100 anos de existência, o edifício passou por vários donos. Os atuais proprietários encontraram-no num estado de declínio e degradação avançada. Após uma grande intervenção, o resultado foi um espaço arquitetónico muito prático e agradável, mas simultaneamente muito requintado", conclui.
O
briefing dado pelos novos donos à empresa Luxuryhomes foi o seguinte:
"Pretendemos uma casa funcional, com o charme de outrora, mas com pormenores contemporâneos. Por outro lado, pretendemos uma decoração que contemple todos os objetos de família".
Além de técnicas de construção antigas, completamente distintas das atuais (tabique, estuque manual, entre outros aspetos mantidos e preservados), o imóvel apresentava uma enorme riqueza no trabalho das madeiras, nomeadamente no pavimento das divisões. Para destacar os trabalhos de
marqueterie optou-se por utilizar poucos tapetes e carpetes.
Com praticamente todas as janelas voltadas para o mar, evitaram-se os cortinados, até porque
"os muros altos e a sua posição altaneira dotam a casa de uma total privacidade. Assim, a utilização de têxteis limitou-se a sofás, almofadas e cadeirões, com tecidos de tons claros e leves, texturas ricas, caso de veludos e sedas".
As paredes surgem, na sua maioria, pintadas nos tons areia, excetuando as dos quartos infantis, propositadamente alegres e coloridos.
Independentemente da divisão, aqui o principal critério de distribuição do mobiliário passou por orientar sofás, camas, mesas, entre outras peças, para a luz e para a vista, sem, no entanto, criar ambientes de costas para outros.
A base da decoração partiu da utilização de peças antigas, heranças de família, conjugadas com outras adquiridas em leilões e objetos trazidos de viagens. Para contrastar e atribuir um caráter mais contemporâneo foram introduzidos elementos mais modernos, provenientes de lojas como a Area, Mística, Arboretto, Zara Home, In Loco, Ikea ou Loja do Gato Preto.
"A decoração é intemporal. Isto porque tem a fusão do estilo clássico com o contemporâneo, mistura pretendida pelos moradores, num edifício histórico adaptado aos tempos modernos, com o requinte de sempre".
Todo o conforto deste projeto, feito à medida de uma vivência familiar, se centra nas zonas sociais. Terraço incluído. Aqui, nas estações mais quentes, coloca-se a mesa de refeições e espreguiçadeiras para receber o sol. No dia-a-dia, os proprietários utilizam, sobretudo, os pisos principais (térreo e primeiro andar), onde estão localizados as salas e os quartos. A cave, com um amplo salão com capacidade para receber até 100 convidados, está reservada aos grandes eventos profissionais e às festas de família.
Durante a semana, o jantar é servido às 20h, com todos os membros da família sentados à mesa de jantar, uma peça de família do século XIX, ou, quando o bom tempo permite, na mesa posta no terraço:
"É o momento de convívio entre todos, onde cada um conta como decorreu o seu dia, e pretende-se que este ritual se repita diariamente. As restantes refeições são tomadas em horários diversos e nem sempre é fácil juntar toda a gente."
O primeiro piso, reservado às áreas íntimas da casa, alberga não só a suíte principal, luminosa e de generosas dimensões (área com mais de 50m2) e virada para o mar, mas também os quartos dos moradores mais novos e uma sala de brinquedos,
"onde a desarrumação das crianças é aceite e bem-vinda".
O edifício contemplava apenas uma cozinha de origem, situada na cave. Recentemente, porém, a copa do piso térreo viu-se, por vontade dos proprietários, transformada numa pequena cozinha, vocacionada para o convívio e para satisfazer as necessidades da vida moderna e quotidiana, tornando a vivência da casa ainda mais prática e adequada aos dias que correm.
Com mais de 20 divisões à escolha, qual será a preferida? Para os moradores é, sem dúvida, o terraço que, no piso térreo, se debruça, atrevido, sobre a água.
"A vista única sobre o mar permite fins de tarde únicos, com o sol a pôr-se sobre a baía de Cascais. E é também neste terraço que as noites de verão são gozadas, ao som das ondas e ao sabor da brisa marítima".
E porque cada espaço tem uma razão, correspondendo a um momento da vida, os proprietários, que têm vindo a mudar de morada de três em três anos, estão já com a cabeça num outro projeto:
"Uma moradia com uma arquitetura super arrojada. Aqui sentem o charme de outrora, o próximo projeto terá de ser futurista", sublinha Cláudia Gameiro.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.