Foi através de uns amigos que o casal de empresários descobriu a casa que há algum tempo procurava. Situada numa zona histórica de Lisboa, os proprietários renderam-se à extraordinária presença do rio Tejo e à singularidade da luz natural que invade os interiores. Era ali que queriam dar início a uma nova fase na vida da família. Era ali que queriam criar ambientes acolhedores e requintados. Era ali que queriam expor a sua coleção de arte, composta por pintura, escultura e mobiliário, do século XVII até à contemporaneidade.
Datado da década de 70, o apartamento, com uma área de 200m2, carecia de intervenção. O ateliê Sá, Aranha & Vasconcelos (SA&V), liderado por Rosário Tello e Carmo Aranha, foi convidado a requalificar a arquitetura de interiores e a conceber a decoração dos diferentes espaços.
A partir do hall de entrada, acede-se à ala comum e à ala privada. Ao centro da ala social fica a sala de estar, que se estende, de um lado, ao terraço, através de uma parede de vidro, e se abre, do outro, à sala de jantar, que, por sua vez, comunica com a cozinha. Já a ala íntima é constituída pela suíte dos proprietários, com amplo closet, pelo quarto da filha, uma jovem adulta, formada em Psicologia e atualmente a trabalhar na área da moda, e pelo quarto de hóspedes, com casa de banho comum. Em todas as divisões, a abundante luz natural é complementada com depurados focos de iluminação LED ou halogénea.
“Toda a casa se desenvolve numa matriz de tom taupe, enriquecida com cores terra na sala de estar, apontamentos amarelos e pretos no quarto do casal e notas fúcsia no quarto da filha. Determinadas paredes e tectos, por exemplo na sala de jantar e na zona de entrada, possuem recortes revestidos a folha de prata, que criam uma sofisticação sóbria, um toque próprio do nosso ateliê”, afirma Carmo Aranha. “Quanto aos pavimentos, a escolha recaiu na combinação de madeira de pinho caramelizada, oriunda da Áustria, com pedra branca de Thassos, originária da Grécia, que estabelecem um contraste interessante”, acrescenta Rosário Tello. As obras de arte concedem um cunho particular a cada um dos espaços.
No hall, uma escultura italiana, representando a Madonna, e uma cómoda portuguesa, ambas do século XVIII, convivem com quadros de Sofia Areal, Gerardo Burmester e Manuel Lecrín, marcadamente contemporâneos.
“O cromatismo exacerbado das telas de Pedro Calapez domina a sala de estar”, refere Carmo Aranha. Sobre a mesa de centro, uma taça da Companhia das Índias, do século XVII, e um conjunto de esferas, em diferentes pedras naturais, figuram entre as peças de eleição dos proprietários. Destacam-se ainda os cadeirões Louis XVI, em nogueira pintada, e, ao fundo, a mesa portuguesa do século XVIII, na qual pousam dois violinos do escultor Armand. No recanto de trabalho, sobre a secretária, uma escultura de Pedro Vasconcelos e peças decorativas em vidro murano. Na entrada da sala de estar, relevam-se uma tela de grandes dimensões, de Manuel Salinas, e a cadeira Bugatti Racing, do designer François Azambourg.
A sala de jantar combina arte europeia do século XVII, uma natureza-morta de grande escala, e iluminação contemporânea, um candeeiro suspenso, que desenha uma espiral, e uma escultura luminosa, em forma de tronco, em madeira de álamo, de Andrés Monteagudo.
Contemporânea e tecnológica, com ilha central, que inclui área de preparação de alimentos, amplos módulos, que integram os eletrodomésticos e disciplinam os arrumos, e garrafeira, em aço inoxidável e vidro, com LED multicoloridos, assinada pelo ateliê Sá, Aranha & Vasconcelos, a cozinha mantém um carácter familiar. Junto à mesa de refeições rápidas, cadeiras com design de Antonio Citterio e quadro da autoria de Hugo Canoilas.
Conforto e elegância definem a suíte do casal. “A cadeira francesa, com acabamento em ouro fino, forrada a pele de zebra, estabelece um contraponto e traz irreverência ao ambiente”, nota Rosário Tello. Sobre o móvel baixo, quadro de Ana Cristina Leite, na parede de cabeceira, desenhos da série Talk to Me, de Pires Vieira. Revestida a pedra arabesco e a mosaicos da Pierre Mesguich, a casa de banho da suíte é um espaço com estilo marcante.
“Nem sempre foi fácil responder aos pedidos dos proprietários, mas acabámos por superar as expectativas”, finaliza Carmo Aranha.
Decoração: Arte à beira Tejo
Pintura, escultura e mobiliário do século XVII à contemporaneidade convivem num apartamento com vista única sobre Lisboa e o seu rio. Datado dos anos 70, foi inteiramente requalificado e decorado pelo ateliê Sá, Aranha & Vasconcelos.
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