Situada nos arredores de Lisboa, esta casa, composta por dois volumes sobrepostos, que ora se abrem ora se fecham à envolvente, demarca-se, desde logo, pela arquitetura contemporânea. O volume superior, que acolhe as áreas íntimas, apresenta um perfil retangular, revestindo-se a madeira de ipê, enquanto o volume térreo, que alberga os espaços sociais, apresenta um perfil quadrangular, com revestimento a betão branco. “Os quartos têm as janelas viradas a nascente. Há somente uma abertura a poente, para permitir que a escada, que conecta os três pisos, receba luz natural. As zonas comuns abrem-se completamente a sul, ao entorno ajardinado e à piscina, e cerram-se a poente, às construções vizinhas”, explica o arquiteto João Palma Carreira, do ateliê JPC Arquitetos.
Quer em termos de programa quer em termos de decoração, os proprietários sabiam bem aquilo que pretendiam.
Desde logo, uma ampla sala de estar, que pudesse ser dividida em diferentes ambientes, de modo a criar uma certa dinâmica social, mas sem comprometer a tranquilidade. Uma
cozinha com acesso privilegiado à zona de jantar. Depois, uma sala de cinema para a família e para os amigos e um espaço onde os três filhos, atualmente entre os seis e os 12 anos, pudessem brincar à vontade. E ainda, diversas soluções de arrumação que, tanto quanto possível, passassem despercebidas.
“Os proprietários queriam ambientes despojados, mas sem cair num minimalismo exagerado, frio, desprovido de vivências. Queriam uma decoração atual, dotada de uma sólida contemporaneidade, com notas de requinte. Procurei dar conforto aos interiores, através dos tecidos, com diferentes texturas, dos tapetes e das próprias cores, como os vermelhos e os cinzentos, e escolher peças de mobiliário e de iluminação contemporâneas e, ao mesmo tempo, intemporais”, afirma Marta Carreira, designer de interiores.
A partir da entrada principal, a norte, percorre-se um corredor que serve a plataforma de acesso a todos os espaços. No térreo, a sala de estar é constituída por três ambientes distintos. Ao centro fica a área de conversa, delimitada por cortinas em voile, que podem ser abertas ou fechadas consoante as ocasiões, onde se destacam os cadeirões Smoke, de Maarten Baas para a Moooi, e as mesas de centro e de apoio, de Marta Carreira. À direita, a área de televisão, que combina móvel de TV, da MDF Italia, e sofás da Flexform. À esquerda, a área de jantar, onde assumem protagonismo o candeeiro suspenso Light Shade Shade D70, de Jurgen Bey para a Moooi, a mesa Twins, composta por duas peças, escavadas em troncos de árvores maciços, de Mauro Mori, e as cadeiras Tulip, de Eero Saarinen para a Knoll.
Comunicando diretamente com a área de jantar, através de uma porta de correr, a cozinha é ampla e luminosa, com móveis, em branco alto brilho, a todo o pé-direito, ilha central, mesa de refeições e zona específica para despensa. Revestida a vidro lacado preto, a casa de banho social é sinónimo de simplicidade e requinte. “Foi particularmente desafiante conceber estes espaços de grande afluência e rentabilizar ao máximo as áreas”, reconhece o arquiteto.
O subtérreo acolhe sala de cinema, ginásio, zona de brincar, quarto e lavandaria. “Projetada para sala de cinema, com todos os requisitos técnicos e acústicos, pode servir outras funções. Pode ficar completamente na penumbra ou deixar entrar a luz natural, através de um rasgo ao nível do tecto”, esclarece João Palma Carreira.
Duas suítes e dois quartos, com casa de banho partilhada, ocupam o primeiro piso. O carácter simples e elegante do quarto do casal, em tons neutros, é realçado pelo painel em vinil com delicados motivos florais. “Decidi fazer toda a casa de banho em mármore cinzento claro com laivos escuros de Trigaches. Além do revestimento e do pavimento, foi instalado um monobloco maciço, que pesa mais de uma tonelada, onde se escavou o lavatório. É um pormenor que reforça a solidez subjacente ao projeto”, sublinha o arquiteto.
Suaves tonalidades de rosa e branco, patentes nos papéis de parede da Jane Churchill e nos tecidos da Designers Guild, decoram os quartos das duas filhas. Já o quarto do filho é decorado em suaves tons de azul e branco, sendo forrado com papel de parede da Sandberg. Além da área de dormir, contemplam zona de estudo, sendo o mobiliário, estilizado, em MDF lacado a branco mate, desenhado por Marta Carreira. “A secretária, as prateleiras e os cubos suspensos foram pensados para maximizar a arrumação, mantendo uma certa leveza estética. O módulo, junto à cama, funciona como cabeceira, mesa de apoio e nicho para arrumos”, nota a designer de interiores.
No total, a casa tem cerca de 600m, incluindo um terraço e três pequenos pátios.
O planeamento exaustivo foi fundamental para o êxito da obra. “Das redes de infraestruturas e climatização às calhas embutidas, para pendurar os cortinados, e periféricas, para suspender os quadros, tudo foi pensado ao pormenor, pelo que não houve necessidade de andar a esconder ou remediar situações que não tinham sido previstas”, refere o arquiteto João Palma Carreira. Mais importante ainda: “A relação entre os proprietários e a equipa projetista foi perfeita. As pessoas sabiam aquilo que queriam, souberam pedi-lo, acompanhar o desenvolvimento do projeto e respeitar o trabalho do arquiteto e da designer de interiores”.
Decoração: Sintonia de ligações
Do profícuo diálogo entre o arquiteto, a ‘designer’ de interiores e os proprietários nasceu uma casa contemporânea, depurada e acolhedora, que tanto promove os encontros sociais como reserva a privacidade. João e Marta Carreira assinam esta singular moradia, com 600m2, nas imediações de Lisboa.
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