Depois de morar 24 anos em São Paulo, Brasil, Inês Schertel decidiu mudar-se com o marido para o campo, na região de Rio Grande do Sul. Há já um ano que vive rodeada de ovelhas no seu ateliê na cidade de São Francisco de Paula. É arquiteta de formação, mas o seu percurso profissional esteve sempre ligado às artes plásticas e cenografia. A mudança radical aconteceu há cerca de três anos, na galeria Rossana Orlandi, em Milão, quando a designer viu uma tapeçaria feita em lã de ovelha por povos nómadas da Ásia Central. Desde esse dia nunca mais parou de pensar no feltro artesanal e na técnica ancestral de o trabalhar. De facto, trata-se do material têxtil mais antigo, antes mesmo do tear e do fio. Todo o trabalho é manual. No verão, Inês acompanha pessoalmente a tosquia (feita anualmente), a seleção da lã, lavagem e cardação, para depois feltrar as peças que cria. Inspirada na natureza local, reaproveita a lã reciclando-a. O resultado são peças ‘feltradas’ com design próprio, que visam aumentar o ciclo desta matéria-prima, respeitando, ainda, a escassez dos recursos naturais. “Fascina-me homenagear esta técnica ancestral oferecendo uma roupagem fresca e contemporânea”, conta Inês Schertel.
Decoração: Resgatar a tradição
A tradição de trabalhar o feltro reinventada pelas mãos da designer Inês Schertel. Um exemplo inspirador que resulta em peças contemporâneas cem por cento artesanais.