Sempre demonstrou aptidão para as artes?
Sim. Sempre adorei desenhar e sempre foi algo muito natural. Sempre soube que queria seguir a área das artes. Profissionalmente, sou apaixonada por design e a ilustração sempre foi um complemento da minha área. Sempre disse que sou designer de profissão, ilustradora de paixão, e assim é.
Como é o seu processo criativo?
Não tenho uma fórmula que sigo à regra. Sinto que a criatividade é algo natural. Costumo dizer que a minha cabeça não pára, vejo referências, inspirações em tudo o que me rodeia. A vida profissional exige timings e deadlines e isso muitas vezes é o que provoca os bloqueios criativos. Na área da ilustração, vou criando mais livremente e no final tento encaixar todas as peças soltas na minha cabeça.
Vale tudo, da tela às paredes?
Sim. Adoro explorar novas técnicas e suportes. Os meus últimos desafios passaram por criar tapetes e iniciar a ilustração na arte urbana, em murais. O desconhecido fascina-me, esta ideia de experimentar, idealizar, as fases de erros e tentativas faz com que sejamos desafiados a ser melhores.
Qual a técnica e o suporte que mais utiliza?
Utilizo muito a ilustração digital e posteriormente a impressão em papel texturado. De momento, estou a tentar aplicar mais a pintura acrílica sobre tela.
Que mensagem e símbolos são recorrentes nos seus trabalhos?
Apercebi-me de que incluo sempre animais nas minhas ilustrações, muitos deles referências de animais que via no quintal da minha avó durante a minha infância. Esta referência é muito importante para mim nos meus trabalhos. Tento tornar esses animais as personagens principais, completando sempre com acessórios, óculos, brincos, chapéus… Eles têm a sua própria personalidade, como os humanos. Além disso, gosto de representar a figura feminina ao lado destes animais, onde vou buscar trajes típicos e mais tradicionais portugueses e contrasto com a própria mulher mais moderna, com um rosto e olhar impactantes, com um piercing no nariz, normalmente, e novamente os acessórios. Esta ideia do tradicional com o moderno está muito presente nos meus trabalhos.
O que se segue?
Acredito que a arte urbana irá acompanhar o meu ano de 2023, assim como exposições de pequenas dimensões. Por vezes, os melhores projetos surgem quando menos esperamos.
FOTOS: cedidas