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FOTO: Lais Pereira
Sempre demonstrou aptidão para as artes?
Sempre gostei muito de desenhar e desde queme lembro mantinha um diário gráfico onde fazia colagens e escrevia. Como sou autodidata e não tenho formação artística, nunca pensei que hoje pudesse estar a publicar trabalhos nesta área.Foi em 2012, quando fiz uma exposição de fotografia e um vídeo a propósito da Capital Europeia da Cultura de Guimarães, que comecei a produzircom mais regularidade e tentei aperfeiçoar a técnica da colagem digital. Já lá vão 10 anos.
Como é o seu processo criativo?
É um bocado caótico e instintivo, não sou muito metódica.
Vale tudo (tela, papel, tecido, paredes)?
Tenho feito um pouco de tudo, desde ilustrações para revistas, agendas culturais, posters, capasde álbuns e livros, tote bags e algum conteúdo online para marcas de beleza e músicos. Em muros e paredes ainda não me aventurei.
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Que mensagem e símbolos são recorrentes nos seus trabalhos?
Faço muito uso da tristeza e das lágrimas, preciso delas para saber conviver com elas, porque demorei a aprender que chorar não nos torna fracos. E este é talvez o lado mais pessoal do meu trabalho.É uma via para uma nova tomada de autoconfiança e espécie de catarse. Posso ser como sou sem ter vergonha ou sentir desconforto. Mas também não faço apanágio disso. Todos somos mais ou menos felizes, mas somos certamente felizes em determinados momentos. E gosto de jogar com as desproporções. O meu trabalho tem um aspeto mal acabado, porque gosto desse lado ‘desasseado’ das coisas, das imperfeições. Já dizia o António Variações: “Quem feio gosta, tem um gostar mais profundo.” Mas também tenho trabalhos muito aprumadinhos e bonitos!
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Quais são as suas principais influênciase fontes de inspiração?
Mulheres. Fortes e vulneráveis. Um misto de forçae dor. Inspiro-me na sua feminilidade, delicadeza, nas suas angústias e sofrimento. Cresci numa família de mulheres que representam tudo isto. Uso sempre o surrealismo da Frida Kahlo como referência, mas o cinema também faz parte do meu imaginário. Quando estudava no secundário, andava obcecada com o Francis Bacon e a Paula Rego. Parecia que só me dava para gostar de imagens grotescas. Não sei se isso teve alguma influência em mim. Para mim,o feio é bonito, se é que isso faz algum sentido.
Com que artistas gostaria de trocar (ou já trocou) obras?
Na minha área, o João Pombeiro é um artista que admiro muito e sigo o trabalho dele com muito entusiasmo. O João é para mim uma espéciede guru, um génio criativo. O meu crush artístico é a fotógrafa e realizadora Joana Linda. Também gosto muito da artista plástica Cláudia Cibrão, que tem um corpo de trabalho muito bonito e poético.
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Tem trabalhos seus em casa?
Tenho. Um pouco por toda a casa.
Qual é a peça de decoração de que mais gosta?
Jarras com flores.
A sua divisão preferida é…
Gostava muito de ter uma casa com jardim, onde pudesse plantar árvores de fruto. Com a pandemia, tomei ainda mais consciência da importância que um espaço de refúgio exterior tem para a nossa saúde mental.
O que gostaria de ter feito e ainda não fez?
A nível profissional, gostava de poder explorar a área do vídeo. Falta-me formação e tempo.