Mathieu Lehanneur, 49 anos, eleito Designer do Ano pela Maison et Objet, na primeira edição desta feira em 2024 – haverá outra no próximo mês de setembro – recebe-nos na Factory, situada nos arredores de Paris, o seu novo espaço criativo.
Outrora uma fábrica, o edifício ainda conserva a fachada industrial, mas o interior, com cerca de 800 metros quadrados, foi adaptado e modernizado para servir de quartel-general e oficina para todos os que trabalham diariamente com o designer francês: “
“Aqui não há obstáculos ou intermediários. Criamos, recebemos clientes, expomos peças, distribuímos.” Para Mathieu, este espaço é o espelho da sua forma de entender o conceito de design, que encara como uma disciplina multidisciplinar, onde tecnologia, arte, ciência, manufatura e imaginação são tudo ingredientes com o mesmo peso, são parte integrante da equação. Não se estranha, por isso, que a sua ‘fábrica’ seja o resultado dessa interpretação: “É uma ilha de independência, uma fortaleza de ideias e de energia. Um lugar de experimentação e de produção, este edifício de tijolo encarnado alberga todo o ecossistema da nossa marca. Cada peça desenvolvida pela equipa só sai daqui e da nossa oficina quando é entregue aos clientes.”
Desde que se formou pela École Nationale Création Industrielle, em 2001, Mathieu tem explorado vários caminhos criativos. Assim que sai da faculdade assume a sua independência, abre o primeiro estúdio, em Paris, e nunca mais parou. Envolve-se em diversos projetos e colabora com marcas credenciadas, como a Cartier ou a Veuve Clicquot.
Em 2007 desenvolve o premiado Andrea, numa colaboração com a Universidade de Harvard. Trata-se de um purificador de ar revolucionário, que recorre à tecnologia, mas também faz uso da Natureza. Andrea utiliza plantas naturais para filtrar o ar e capturar partículas tóxicas das casas. A peça é um sucesso e acaba galardoada com um Best Invention Award nos Estados Unidos.
Pelo meio, Mathieu ainda desenha mobiliário e objetos de decoração. E é já em 2018 que o designer solidifica a sua independência ao criar a marca que tem o seu nome. Agora, tudo o que leva a sua assinatura irá passar por esta fábrica de ideias: “O que quer que eu queira fazer, posso consegui-lo neste espaço. Esta Factory é o local de trabalho com que sempre sonhei”, sublinha.
Aqui nasceu também a novíssima Tocha Olímpica, fruto da imaginação do designer. A peça irá iniciar o seu percurso a 16 de abril, em Olímpia, na Grécia. Após 12 mil quilómetros, a 26 de julho chega a Paris para o arranque dos Jogos Olímpicos: “Espero que nunca se apague, apesar de todas as condições atmosféricas adversas que possa apanhar”, deseja Mathieu. No final, são os sentimentos e o lado humano a prevalecer: “Os objetos têm o poder de transformar, porque somos corpo e mente e o que possuímos representa-nos.”
Fotos: Felipe Ribon