Sempre demonstrou aptidão para as artes?
Sempre gostei de fazer coisas com as mãos, de criar imagens, objetos e formas coloridas. Desde pequena sempre tive muito claro que no futuro estaria, de alguma maneira, ligada à criatividade ou ao mundo artístico.
Como é o seu processo criativo?
Nunca sei bem como começa, mas sei que o início é sempre um processo muito mental. Penso obsessivamente numa ideia ou num projeto e gosto de o fazer enquanto caminho ou faço outras coisas. Daí passo para o papel, tablet ou barro e trabalho até chegar a um resultado que me satisfaça.
Vale tudo (tela, papel, cerâmica)?
Vale quase tudo. A verdade é que há muitos suportes que queria experimentar e ainda não tive oportunidade. Neste momento, a cerâmica ocupa uma grande fatia do meu tempo. Por ser um material que me dá muito prazer trabalhar e que tem tanto ainda por explorar, satisfaz–me a necessidade de procurar novas formas de expressão. Ainda assim, a área têxtil, os murais e a azulejaria são áreas que me interessam muito e estão na lista de assuntos pendentes.
Que mensagem e símbolos são recorrentes nos seus trabalhos?
Existem elementos que se repetem com alguma frequência. No entanto, o que é mais recorrente no meu trabalho e o caracteriza é o bom humor, as personagens alegres e as cores fortes.
Quais são as suas principais influênciase fontes de inspiração?
A minha infância e o meu imaginário infantil: os brinquedos, desenhos animados, jogos e livros que me rodearam durante a infância. Recordo, sobretudo, os livros do Dick Bruna, os imaginários de Pinypon e Sylvanian e uns livros pop-up russos traduzidos pela Caminho que me entretiveram durante horas.
Tem trabalhos seus em casa?
Não muitos. Apenas alguns, aqui e ali. Gosto mais de me rodear de trabalhos de outros artistas, que me inspiram e incentivam a continuar e tentar fazer melhor.
Entre os artistas que gosta e admira, com quais gostaria de trocar obras?
São tantos! Mas, para mim, é importante conhecer a pessoa por trás do trabalho. Por isso vou nomear alguns nomes que me rodeiam e admiro como artistas/ilustradoras e pessoas: Carolina Celas, Cátia Vidinhas, Marta Madureira, Bárbara R., Joana Estrela, Bina Tangerina, Bea Crespo, Laura Liedo, Esther Lara, Amalteia, Giulia Sagramola, Clara Sáez, entre tantos outros.
Qual é a peça de decoração de que mais gosta ou de que não prescinde?
A minha coleção de animais e personagens, pequenas esculturas de cerâmica ou madeira. Vou colecionando os que me são oferecidos ou compro quando gosto do artista. São peças únicas de decoração, mas também companhias, e, de algum modo, fazem parte da família.
O que gostaria de ter feito e ainda não fez?
Não tenho propriamente uma bucket list, pois sinto-me feliz e realizada com aquilo que vivi até agora. Acho que gostava de fazer mais do que me faz sentir bem – desenhar mais, brincar mais, dançar mais, apanhar mais sol, rir mais, mais dessas coisas boas e simples.
Próximos projetos…
Gostava de investir mais tempo na criação de peças de cerâmica de maiores dimensões, que possam resultar numa exposição. Talvez mergulhar no mundo do têxtil e regressar à serigrafia com mais regularidade.
FOTOS: cedidas
Publicado na edição 320 da Caras Decoração