Quem é a Paz Braga? “Juntos temos mais impacto”
Sou arquiteta de formação, mas com uma grande paixão por design de interiores. Vivi mais de 10 anos no Brasil. Quando voltei para Portugal, em 2016, redescobri um panorama muito diferente em relação à quantidade e qualidade de marcas portuguesas na área da decoração, o que redefiniu um novo caminho nos meus projetos. “Juntos temos mais impacto”
A par da arquitetura surgiu a Santo Infante, como aconteceu?
Quando voltei para Portugal, tive de recomeçar a vida profissional, e, à medida que ia fazendo novos projetos, ia descobrindo marcas portuguesas na área da decoração. Num ano recolhi mais de 150 nomes nacionais. Neste processo, percebi que não havia um espaço dedicado exclusivamente a essas marcas na decoração. Foi então que desafiei o meu irmão a criar a Santo Infante, inteiramente dedicada às marcas portuguesas. Uma loja onde se pode vender os produtos, aliado ao nosso trabalho e conhecimento em arquitetura e interiores, e um espaço onde podemos incorporar e desenvolver os projetos.
É pioneira em apresentar uma casa 100% decorada com produtos portugueses. Era o seu sonho?
Desde que abrimos a loja que queria fazer algo mais, não queria ser um simples espaço de venda de produtos. Ainda para mais percebi que não é fácil para os clientes visualizarem as peças apenas em catálogos ou em ambientes de loja, também porque desconhecem a maioria das marcas. Era importante inseri-las em contextos reais, de casas reais para famílias portuguesas e onde pudéssemos divulgar o trabalho de cada uma delas. Tornou-se um sonho realizar um evento como este. Estava nos planos desenvolvê-lo em maio de 2022, mas surgiu uma oportunidade e fizemos a primeira edição em novembro de 2021. Um cliente tinha um prédio vago em Santos, gostou do conceito e permitiu-nos fazer o evento. Correu muito bem e tivemos a certeza de que tínhamos de continuar a fazer casas reais para pessoas reais, 100% em português.
As marcas presentes em cada Casa Aberta vão para a Santo Infante ou é ao contrário?
Temos marcas que fazem parte da Santo Infante e participam da Casa Aberta e marcas que desafiamos para a Casa Aberta e que passam a fazer parte da nossa rede.
Como nasce cada projeto da Casa Aberta?
Começa com a procura do espaço e o desafiar as marcas. Depois começa a decoração. Costumo brincar e dizer que é “um projeto ao contrário”, pois normalmente usamos peças que as marcas já possuem, e a partir daí criamos um conceito que as unifique e que torne o apartamento acolhedor. Este ano o projeto foi mais real, porque tivemos muitas peças desenhadas para o espaço.
Como aparecem as marcas?
Muitas marcas somos nós que pesquisamos e entramos em contacto. Outras conhecem a Santo Infante e vêm ter connosco, e há ainda marcas que partilham o trabalho de outras marcas. Gosto muito quando há esta partilha! Quando entendem que há espaço para todos e que têm mais impacto quando aparecemos juntos.
Há um trabalho de pesquisa da Paz para encontrar novas marcas nacionais?
Muitas marcas descobri através das redes sociais. Outras porque houve projetos que pediram determinados produtos ou materiais e fomos em busca de quem tinha esse tipo de peças. E, hoje em dia, já temos muitas marcas que nos procuram para fazer parte da Santo Infante.
Como acontece a ponte entre a marca e a Casa Aberta?
É sempre por contacto direto. Na Santo Infante queremos sempre saber quem está por trás de cada marca e conhecer as pessoas que desenvolvem o trabalho. O processo é muito pessoal.
Como se implementa todo o processo?
Primeiro desafiamos todas as marcas que fazem parte da Santo Infante e outras que pensamos que podem ser interessantes para o projeto. Uma vez aceite o desafio, perguntamos se vão participar com alguma peça que já tenham ou se querem fazer algo exclusivo e novo para a Casa Aberta. E por aí… continuamos o projeto e o trabalho. É sempre um desafio conciliar as peças novas com as existentes e criar um conceito unificador entre elas. “Juntos temos mais impacto”
Como se põe uma casa de pé com design nacional? “Juntos temos mais impacto”
Temos design nacional incrível nas mais diversas áreas, desde o mobiliário à iluminação, temos de tudo. Decorar uma casa inteiramente em português não é complicado, porque existem muitas opções. O que é difícil é criar este evento com uma equipa pequena e com poucos patrocínios. Sabemos que estamos no início e há um caminho a percorrer, mas esperamos que, cada vez mais, os players desta área percebam a importância de um evento como este para o desenvolvimento e divulgação do design nacional.
Quais as maiores dificuldades? “Juntos temos mais impacto”
A falta de apoios. Era muito importante que tivéssemos mais apoios, para que conseguíssemos chegar a mais pessoas divulgando o trabalho de tantas marcas extraordinárias. A Casa Aberta é sempre um projeto muito intenso, e só é possível através da dedicação e trabalho de toda a equipa.