“A casa foi construída por uma família tavirense no início do século XX. Estava fechada há uma década quando a comprámos, em dezembro 2021”, conta o proprietário, Anthony Smith. “Queríamos mudar de domicílio depois de 12 anos a viver numa pequena e charmosa mas bastante remota aldeia no Douro. A cidade de Tavira, que já conhecia há mais de 20 anos, parecia ter a dimensão certa para uma nova fase de vida”, continua o ex-jornalista britânico e produtor de vinho (a Quinta da Covela é um dos seus projetos em Portugal). “O que mais impressionou na construção foi a espacialidade e o estilo da casa, assim como o facto de tudo estar, apesar de antigo, em muito bom estado. Pé-direito duplo, piso em madeira, portadas, portas, tetos trabalhados, em estuque e madeira, e fachadas totalmente distintas.”
Localizada no coração do centro histórico de Tavira, a habitação conta com uma área total de 600m², distribuídos por dois andares, incluindo dois espaços exteriores: um terraço no último piso e um pátio na zona térrea. “Trata-se de um projeto de restauração e recuperação, pois não alterámos em nada a estrutura da habitação nem o layout das divisões. É o renascimento de uma bela casa burguesa cheia de detalhes interessantes, de história e charme. O objetivo foi criar uma residência de família com muito espaço para que os nossos dois filhos estudantes pudessem trazer amigos e namorados/as aos fins de semana ou nas férias.”
O imóvel ganhou soluções energeticamente eficientes (janelas de vidro duplo, painéis solares, entre outras), ao mesmo tempo que preservou as características originais do edifício. “Na cozinha e nas casas de banho escolheram-se azulejos old school da fábrica Primus Vitória, em Aveiro. A paleta de cores é supermoderna, mas a textura e as dimensões dos azulejos remetem-nos para a época da construção da casa”, nota Anthony.
“Na decoração, utilizámos peças que tínhamos, provenientes de casas onde vivemos em vários países, conjugando-as ou harmonizando-as num espaço que era novo para elas – e para nós. A paleta de cores é bastante eclética, assim como o mobiliário. Há uma mistura de estilos e épocas. A sala de jantar é a única divisão com uma cor forte nas paredes – o laranja”, diz o proprietário, rematando: “Não gosto muito de ton sur ton, prefiro um ambiente de contrastes. Porque é que um vaso da Bordallo Pinheiro não pode conviver com a escultura Balloon Dog, do Jeff Koons? Acredito que temos que dar espaço ao espaço, não encher demasiado a casa com objetos de decoração. Cada peça tem para nós uma história pessoal.”
FOTOS: Ana Paula Carvalho