
Em qualquer estação do ano e em qualquer parte do mundo há uma cadeira omnipresente. O assento mais emblemático e democrático da história, presente tanto numa aldeia perdida da Tailândia como na cosmopolita Nova Iorque, disseminou-se sobretudo graças à produção intensiva e ao seu baixo preço. Hoje, esta peça icónica e mal amada permite que qualquer pessoa, independentemente da sua condição social, exerça o seu direito de se sentar, a sua maior conquista. a cadeira mais famosa
Não deixa de ser irónico que a cadeira mais famosa de todos os tempos tinha sido desde sempre também a mais marginalizada e banida dos circuitos do design, não aparece nas grandes coleções, mas está presente em toda a parte, por isso, a sua história deve ser contada.
Estamos a falar da icónica cadeira monobloco, cujo processo de fabrico passa pela injeção de resina plástica, num único molde e a temperaturas entre 220 e 230 graus até endurecer. A versão atual nasceu entre os anos 70/80 do século passado, inspirada em diversos modelos que já existiam desde 1940.
Nessa década em que o plástico era a ‘grande descoberta’, o inventor canadiano Douglas Colborne Simpson imaginou uma cadeira feita a partir de um único bloco, num processo de fabrico muito barato, graças à moldagem por injeção de plástico simples. O resto da história está pouco clara.
Sabe-se que foi mais tarde a empresa francesa Grosfillez Group que começou a produzir cadeiras monobloco em massa, durante a década de 1970.
No entanto, já em 1960, o designer dinamarquês Verner Panton lançava a Panton Chair, a primeira cadeira de plástico feita a partir de um molde único produzida em larga escala. Hoje, a peça tem o seu estatuto reconhecido, integra as coleções permanentes de museus como o MoMA em Nova York ou o Museu do Design de Londres.

Não faltaram, então, novos modelos de cadeiras, caso da Fauteuil 300, do francês Henry Massonnet, lançada em 1972. No entanto, enquanto os especialistas ainda se interrogam sobre as primeiras patentes e registos oficiais, mais de mil milhões destas cadeiras foram vendidas só na Europa, sobretudo porque na década de 1970 ficou ainda mais barato usar termoplásticos para fazer móveis e muitos outros objetos.

E muitos anos depois subsistem sentimentos antagónicos, oscilam entre o amor e o ódio. Há quem se tenha sentido fascinado pela peça e há quem a deteste. Alguns designers brincaram com a ideia de a reinventar, como foi o caso da Bell Chair do designer Konstantin Grcic. Por outro lado, em 2008, a cidade de Basileia, na Suiça, bania a cadeira do seu espaço público por a considerar um atentado à paisagem urbana.

Certo é que, quer se goste ou não, por válidas razões estéticas ou ecológicas, ou ainda apenas pseudo-intelectuais, a verdade é que esta cadeira continua a ser presença universal, sobretudo no verão e em qualquer parte do mundo e, só por isso, merece o seu lugar na história do Design.