Sempre demonstrou aptidão para as artes?
A arte sempre fez parte da minha vida. Cresci num ambiente rodeado pela criatividade e sensibilidade da minha mãe, a artista Cidália Rodrigues. Aos poucos, comecei a experimentar diferentes técnicas e materiais, imitando o que via a minha mãe fazer. Pintava, desenhava… A arte tornou-se a minha forma de expressão, de explorar a minha imaginação e de me conectar com o mundo ao meu redor.
Como é o seu processo criativo?
É um caminho que começa com uma simples linha no tablet, dando início a um diálogo íntimo com a obra em desenvolvimento. É um jogo entre mim e o desenho. Ao transferir a obra para o computador, a paleta de ferramentas expande-se e divirto-me com as infinitas nuances (forma, cor, linhas). Desconstruo e reconstruo, até encontrar a essência daquilo que desejo expressar.
O que nasce primeiro: a ideia, a ilustração?
Acredito que a ideia e a ilustração são como duas faces da mesma moeda, intimamente ligadas e interdependentes. A ideia é a semente que germina a obra, enquanto a ilustração é a forma que essa semente assume no mundo. Uma alimenta a outra, num processo cíclico de criação e descoberta.
Que mensagem e símbolos são recorrentes nos seus trabalhos?
No mural gosto de trabalhar uma ou outra palavra que reforce a mensagem da pintura. Em trabalho de estúdio e obras mais pequenas para exposição existem alguns elementos que uso com alguma frequência como o boné, o coração e a Natureza.
Quais as cores que mais utiliza?
As cores assumem um papel importante, transcendem a mera estética e tornam-se ferramentas poderosas para comunicar mensagens, despertar emoções e convidar o público à reflexão. Entre as cores que mais utilizo nesta fase da minha obra destacam-se o vermelho, azul, amarelo e rosa.
Quais são as suas principais influências e fontes de inspiração?
Acredito que a arte é um processo colaborativo. Somos todos influenciados por aqueles que nos rodeiam, pelas experiências que vivemos e obras que admiramos. A minha arte é a soma de todas essas influências, filtradas através da minha própria lente e expressas com a minha voz única. A inspiração provém da vida quotidiana, da família, da minha filha linda, do bairro, de observações e reflexões sobre o mundo ao meu redor.
O que gostaria de ter feito e ainda não fez?
Neste momento, dedico-me a explorar a minha obra tridimensional com paixão e entusiasmo. O cimento, na sua simplicidade bruta, transforma-se e revela outros processos por explorar que me levam ao que ainda não fiz.
Entrevista publicada na edição 324 da Caras Decoração