Nesta conversa com Pierre Sauvage, CEO e diretor criativo da parisiense Casa Lopez, empresa de produtos lifestyle para a casa, desvendam-se ideias, algumas bem simples e práticas, que vão fazer a diferença quando receber os amigos com uma mesa criativa e personalizada.
Após ter trabalhado cerca de duas décadas na área da comunicação, Pierre Sauvage decidiu enveredar pelo mundo da decoração, assumindo há dez anos as rédeas da Casa Lopez, empresa francesa que se dedicava ao comércio de tapetes orientais.
A chegada de Sauvage veio mudar drasticamente o destino daquela marca, a empresa abriu portas ao mundo do lifestyle. Hoje, além de tapetes, a Casa Lopez inclui tecidos – uma das obsessões de Pierre Sauvage (também diretor artístico da marca) – coleções de louça de mesa, outra das suas paixões, mobiliário, iluminação e acessórios para a casa, e tudo emoldurado por um gosto eclético, à imagem deste parisiense de gema.
O novo CEO apostou em novas referências de modernidade, mantendo uma abordagem de cruzamento de culturas e respeito estético pelo legado histórico. A marca é hoje uma montra muito ao estilo francês: elegância visual, aposta na cor, no padrão e em composições inesperadas. E combinar estes universos exige rigor e detalhe, competências que Sauvage domina tanto na renovada Casa Lopez, na sua residência ou através do terceiro livro Plans de Table, que lançou recentemente.
A obra da editora Flammarion, com fotografia de Ambroise Tézenas, leva-nos a conhecer o mundo afetivo de Pierre, numa visita às moradas de 22 personalidades espalhadas pelo mundo, incluindo Portugal. Entramos em apartamentos, mansões e palácios. Todos esses lugares tem a particularidade de terem a mesa pronta a receber convidados, seja numa sala sumptuosa, num jantar à luz das velas, na relva, num descontraído piquenique ou até junto à piscina.
– Nesta obra, Plans de Table, dedicada à joie de vivre e à arte da mesa, qual foi o seu maior objetivo?
Pierre Sauvage: A ideia deste livro foi mostrar diferentes formas de fazer as coisas. Não se trata, de forma alguma, de uma lição sobre a arte de viver, mas sim de um livro onde se podem encontrar receitas e propostas de personalidades muito criativas. Todos os protagonistas estão listados por ordem alfabética, pelo que não há hierarquia entre as diferentes opções.
É tudo uma questão de partilha.
– Consideram-no um mestre a decorar a mesa. A escolha dos tecidos, a mistura de peças, as flores, tudo é uma alegria para os sentidos. Qual é o segredo de uma mesa bonita?
– Pôr uma mesa é um momento criativo. Deve-se começar sempre por um elemento, por exemplo, flores sazonais. A mimosa no inverno ou as peónias na primavera, dão o tom, a cor dominante. Também pode ser um tecido que queira usar como toalha, conchas que trouxe daquela viagem…
– Tem uma grande paixão pelos detalhes, texturas, padrões, e no meio de tudo, por onde começar?
– Se já é difícil apenas misturar duas cores ou dois padrões, já é muito mais fácil misturar uma infinidade de cores e padrões. Mais uma vez, começar por um elemento simplifica tudo consideravelmente. É como decorar um ambiente. Primeiro escolha a cor da toalha, de um copo,
de um guardanapo e depois vá acumulando cores, padrões e texturas.
– Quatro sugestões para a minha ‘primeira’ mesa de festa?
– Cor com flores sazonais. As velas dão sempre uma atmosfera confortável. Um item pessoal ou antigo: um castiçal, uma peça especial,uma escultura. E, finalmente, uma toalha de mesa que não seja toalha de mesa: um tecido xadrez, ikat, indiano…
– O que não pode faltar? Os indispensáveis nas suas mesas?
– Flores e velas.
– Máximo conforto visual, pouco convencional e até divertido, e, no final, tudo se conjuga na perfeição. É difícil combinar tradição e tendências no design de interiores?
– De facto, penso que não vale a pena perguntar. No fim de contas, é tudo muito empírico.
Acumulamos objetos, formas e cores e experimentamo-los. É fácil ver como as coisas funcionam em conjunto e encontram o seu lugar. Se não funcionarem, mudamo-las. Começa-se com peças de que se gosta e se quer manter, depois vamos construindo!
– Apesar desta enxurrada de ‘emoções’, tem uma cor preferida?
– Tenho duas. Azul e verde, que misturo muito. Imagino sempre em azul e verde todos os objetos que crio para a Casa Lopez: tapetes, copos, pratos. Depois mudo as cores.
– Neste último livro, publicou capítulos com três inspirações ‘portuguesas’. Filipa de Abreu, Rebecca de Ravenel e Françoise Dumas revelam as suas casas portuguesas e, sobretudo, as suas mesas. Conhece Portugal, os seus designers e artesãos? Quais as suas impressões?
– Adoro Portugal e visito o país com regularidade. Primeiro, porque tenho queridos amigos lá, mas também porque trabalho com talentosos artesãos portugueses. Muitos dos meus pratos, copos
e até alguns tapetes são feitos em Portugal.
– Novo ano: quais as expectativas para o futuro?
– Novos desafios. Dez anos após a aquisição, será um momento de viragem para a Casa Lopez. Contribuem o meu terceiro livro, uma nova loja em Paris, desta vez, na Rive Gauche e, a partir de janeiro, serão acrescentadas 20 novas referências à nossa coleção de tecidos.
Foto: Ambroise Tézenas