
Como nasceu o Take Some Rope Atelier?
A palavra Atelier foi adicionada após a minha primeira participação na feira Maison&Objet em setembro de 2023. O nome Take Some Rope surgiu antes, em 2019, quando comecei a trabalhar a técnica de macramé. Na altura, estava a passar por um período de muito stresse e precisava manter as mãos ocupadas para não perder a cabeça.
De onde vem o interesse pelos têxteis?
É algo genético. A minha avó era tecelã. A minha mãe e tia tricotavam. Cresci rodeada de novelos de lã e ajudei a minha avó no tear. Os têxteis fazem parte do meu ADN.

O que mais a fascina na área têxtil?
O lado tátil e a variedade. Os têxteis oferecem infinitas possibilidades, tanto de descoberta quanto de expressão. Posso transmitir o que não pode ser expresso em palavras por meio de uma combinação de texturas e materiais. É também a única coisa na minha vida que posso realmente controlar.
Qual é a sua abordagem artística?
A minha abordagem é completamente intuitiva. Nunca estudei Arte. Sempre estive envolvida com técnicas têxteis, algo que me é muito familiare reconfortante. Os últimos anos foram repletos de eventos difíceis, por isso de reflexão e análise. No processo de criação, as minhas emoções “saltam” para o mundo exterior através dos fios. Isso é libertador.

Existe um estilo que defina o seu trabalho?
Não me atrevo a definir um estilo, mas é definitivamente abstração. Gosto de brincar com texturas, cores, formas e de combinar a suavidade e o calor dos tecidos com materiais que são opostos em textura e propriedades, tais como a cerâmica ou o vidro. Esse contraste permite-me expressar a dualidade das emoções de forma mais profunda, o que é extremamente importante para mim.
Que cores, materiais e suportes mais utiliza?
A naturalidade é fundamental. Adoro trabalhar com algodão, lã, linho e viscose – estes materiais têm calor e alma, permitem criar texturas que evocam emoções com apenas um toque.
Alguma matéria-prima têxtil de eleição?
Trabalho principalmente com lã e algodão. A lã, fiada à mão na Transcarpátia, é encomendada sempre ao mesmo fabricante na Ucrânia. Muitas vezes, eu mesma tinjo os fios para obter exatamente as nuances de cor que preciso.

Que projetos tem atualmente em mãos?
Neste momento, estou a fazer uma residência artística na cidade francesa de Palaiseau, perto de Paris. Estou em processo de criação para a minha primeira exposição individual, que acontecerá no mês de junho, e também estou a trabalhar no desenvolvimento de uma coleção limitada de pequenos painéis e candeeiros de parede.
O que se segue?
2025 vai ser intenso! Depois da participação numa exposição coletiva em Megève (França), intitulada “Entre Deux Eaux”, segue-se a bienal Révélations em Paris (21 a 25 de maio) com uma exposição individual. Depois, em setembro, a Maison&Objet. Juntando a isto, está prevista uma colaboração muito interessante com um talentoso artista francês que trabalha com vidro e a criação de uma obra para o Loewe Foundation Craft Prize. Projetos não faltam! O mais importante é aproveitar a ‘viagem’ sem me perder ou perder a inspiração.