Quando se casou com o guionista Henrique Dias, numa cerimónia íntima em Las Vegas, a 13 de Janeiro de 2004, Teresa Guilherme estava disposta a alterar as suas prioridades e tinha decidido que a partir desse dia iria aproveitar ao máximo a sua vida afectiva. O amor estava em primeiro lugar e só depois vinham os projectos profissionais. Mesmo assim, Teresa, de 53 anos, e Henrique, de 37, acharam por bem definir algumas regras. Uma delas foi abolir da sua relação as conversas de trabalho. Mas um dia tudo mudou. Em Outubro de 2005, Francisco Penim, então director de programas da SIC, convidou Teresa Guilherme para o cargo de directora de programas de ficção nacional. Um desafio que aceitou, mas de que hoje se arrepende. Aliás, Teresa considera que foi essa aposta que acabou por ditar o fim do seu casamento. Além das responsabilidades inerentes ao novo cargo, na altura ainda era accionista da Terra do Nunca, e só em Junho deste ano, quando esta produtora foi vendida à SIC, é que conseguiu respirar de alívio. Só que, em simultâneo, percebeu que lhe tinha sobrado pouco tempo para alimentar o casamento com que sempre sonhara. Como se estivesse a submeter-se ao teste do polígrafo, a apresentadora de Momento da Verdade falou à CARAS no seu recente divórcio. – É verdade que o seu casamento chegou ao fim?- Sim, é verdade. Eu e o Henrique chegámos à conclusão de que um casamento – especialmente um casamento do qual não há filhos – só faz sentido se as pessoas estiverem apaixonadas. Percebemos que éramos óptimos companheiros e amigos, que nos divertíamos na mesma, que continuávamos a ter sentido de família, mas que tínhamos deixado a pouco e pouco de estar apaixonados. – Acabou o amor?- Amar é desejar e contribuir para que a outra pessoa esteja o melhor possível. Amar é estar disponível para a outra pessoa. E eu deixei de estar… Agora é outra espécie de amor, um amor sólido, um projecto futuro, é como se quando nos divorciámos nos tivéssemos casado outra vez, mas como amigos. Tenho amigos de uma vida inteira e que são muito importantes na minha vida. Talvez por eu e o Henrique sermos filhos únicos, valorizamos muito a amizade. O nosso amor transformou-se em amizade, o que não justifica que duas pessoas continuem casadas. – Foi um processo gradual ou um dia acordou e decidiu que tinha de mudar de vida?- Não decidi nada sozinha. O que aconteceu foi que desde há três anos, altura em que aceitei um cargo na SIC, o stresse passou a ser gigantesco, houve um desgaste psicológico da minha parte devido ao trabalho, e só depois de ter vendido a minha produtora à SIC é que parei para pensar e pus tudo em causa. Nessa altura conversámos e ponderámos o que significávamos um para o outro, se continuávamos apaixonados… – Porque é que começou por negar que estavam separados?- Há dois meses decidimos que era melhor continuarmos amigos, mas cada um na sua casa, e divorciámo-nos. Na verdade, o Henrique organizou a casa dele e o trabalho dele e eu fiz a mesma coisa. Reservei para mim o direito de decidir quando e a quem daria esta notícia. – De facto, conseguiu que a notícia não viesse antes a lume…- Ninguém deu por nada, até porque não interessava. Agora que estou a apresentar um programa polémico é que se lembraram de atirar mais esta notícia… Ninguém diz que é um programa com impacto, que é uma aposta ganha nas noites de terça-feira, que chega a ter 43% de share. Sempre foi assim. Quando nos divorciámos, eu e o Henrique tínhamos decidido que não falaríamos no assunto até o programa terminar, para não desviar atenções. Quando nos casámos, dei uma conferência de imprensa para informar os jornalistas e agora estávamos a pensar fazer o mesmo. – Mas houve alguma coisa que tivesse dado origem às notícias de separação? É que também já não seria a primeira vez que se dizia isso…- Apesar dos boatos que surgiram logo ao fim de dois meses de estarmos casados, a verdade é que nunca discutimos, nunca houve uma fase em que tivéssemos de dar um tempo, nunca nos fomos deitar com um problema por resolver. Tínhamos chatices, mas acabavam sempre com um de nós a rir. – Acabou, assim, uma fase da sua vida?- Sinto que acabou uma parte da nossa vida e começou outra. Temos uma relação de amizade perfeita. Foi um casamento muito bom, uma relação que não trocaria por nada. Mas estava na altura de cada um viver a sua vida. O estado de paixão, que é bonito e que perdura – não acho que dure só três meses – é mais uma boa recordação que fica deste casamento. – É difícil chegar à conclusão de que já não se está apaixonado por aquela pessoa a quem se jurou amor eterno?- Acho que os fins nunca são alegres. E hoje penso que devia ter dito que não ao Penim quando ele me convidou para ir para a SIC… Mas claro que a culpa não é dele. – Não tem por hábito arrepender-se do que faz…- Sim, voltaria a casar-me, não, não aceitaria o convite para a SIC. – Mas manter um casamento também não é fácil….- [Risos] É extremamente difícil. Tem de haver um empenhamento diário, porque cada um tem o seu percurso, vida e evolução, e tudo isso tem de ser feito a olhar para o outro. É preciso falarmos de sentimentos e, de facto, nos últimos tempos, não houve espaço para isso, porque quem ocupava o espaço todo era eu e o meu trabalho. Mesmo nessas alturas, o Henrique foi sempre extraordinário. – Teve outras relações e nunca tinha pensado ou falado em casamento. O que é que o Henrique tinha de diferente para a ‘convencer’ a dar esse passo?- O que ele tinha e tem… O Henrique é uma pessoa com um grande sentido de humor, o que para mim é fundamental. Desde o primeiro dia, sempre o vi como família. Foi uma sensação estranha, que nunca tinha tido em relação a outras pessoas com quem namorei. E a ele aconteceu-lhe o mesmo. Por isso é que fez sentido casarmo-nos. – O que é que correu mal?- No início fazíamos uma coisa muito inteligente que depois, com a confusão do meu trabalho, se alterou. Tínhamos por norma nunca falar de trabalho em casa, havia um universo paralelo. Falávamos das coisas boas e pedíamos opiniões, mas não íamos além disso. Nos últimos tempos, eu chegava a casa deprimida, furiosa, cansada e quando o Henrique me perguntava o que é que eu tinha, caíamos na asneira de falar nos meus problemas profissionais. Em vez de o aliviar, acabava por desabafar e descarregar em cima dele. Agora fica o arrependimento de não ter tido cuidado com uma coisa que era tão boa, valiosa… – Ou seja, optou pelo trabalho…- Sempre vivi para o trabalho, só que durante algum tempo até consegui controlar isso, mas depois fizeram-me uma proposta que aceitei… O Henrique diz que também aceitou porque eu, na altura, o consultei, mas fui eu que optei pelo trabalho e por mim. Foi uma opção estúpida, infantil até. E depois do estrago estar feito, o que fizemos foi resolver isto de uma maneira racional. Não faz sentido duas pessoas que podem refazer a sua vida, voltar a apaixonar-se, estarem juntas e continuarem encalhadas numa amizade. Há pessoas que optam por ficar, para terem uma companhia, mas não é o nosso género. – Deixou de acreditar num amor para toda a vida?- Acredito é que tem de se tomar cuidado quando se tem a sorte de encontrar uma pessoa especial, que parece da família…Acredito que as pessoas se apaixonam em qualquer idade, que a vontade de estar com alguém não caduca. – Acha que vai conseguir construir de novo uma vida a dois?- Não tenho dúvidas que sim e o Henrique também. Juntos estávamos a fazer mal um ao outro. E eu não tinha o direito de destabilizar o Henrique, especialmente porque nestes anos que estivemos casados foi altamente prejudicado a nível profissional e isso causa-me algum desconforto. – E agora vai dar início a uma nova etapa da sua vida, até mesmo a nível profissional, pois, pelo que sei, está de malas feitas para partir para ao Brasil…- [Risos] Sim, fui convidada pelo Miguel Falabella para fazer o que eu faço pior, que é representar. Estou agora a investir na minha formação, para não ir para lá congelar de medo. O que mais gosto de fazer é representar, o que faço melhor é produzir e a apresentação é um hobby. Nunca serei uma brilhante actriz, mas acho que posso melhorar muito e posso descobrir mais coisas de mim e da arte de representar.