
Helena Laureano em produção para a CARAS
Mário Galiano
– Fim de tarde em Lisboa, com esta luz fantástica e uma vista maravilhosa sobre o rio, faz-nos gostar mais da cidade em que vivemos e relaxar do stresse do dia-a-dia…
Helena Laureano – Gosto de Lisboa, é o sítio onde vivo, apesar de ser de Sesimbra. Aqui temos uma luz maravilhosa. Mas relaxo muito bem mesmo é na praia, porque tem que ver comigo, com o sítio onde nasci. Se bem que agora tenho uma casa perto do rio, da água, que me ajuda muito a manter a calma. E para conseguir manter a calma é preciso esforçar-me!
– Sempre foi uma mulher muito impulsiva…
– Sou muito impulsiva, sim. Tento controlar essa impulsividade, porque por vezes é vista de uma forma que não é real. Mas também acho que, acima de tudo, temos que ser verdadeiros. E às vezes isso desagrada às pessoas.
– Alguma vez essa forma de ser afectou o seu trabalho?
– Sem dúvida que sim. Sempre fui impulsiva, reivindicativa, e isso já afectou o meu trabalho. Mas não gosto de injustiças!
– E como superou isso?
– Com muita ponderação, calma, e tendo em mente que valho pelo trabalho que faço. Essa foi sempre a minha mais-valia.
– E na sua vida pessoal…
– Também já fui afectada. Mas acho que isso terá que ver com uma certa maturidade, não a nível de idade, mas de cabeça. As pessoas têm que ter capacidade de perceber o porquê de uma reacção impulsiva. Porque não estamos sempre bem.
– Uma característica que sempre lhe foi atribuída foi uma certa dose de loucura…
– De menino e de louco todos temos um pouco… Às vezes as pessoas dizem ‘lá vem a maluca’, mas a verdade é que eu adoro aquilo que faço. E quando estou no meu trabalho, estou bem-disposta naturalmente, sou eu própria. Não faço por estar assim. Quando estou maldisposta, nota-se logo. Porque representar só mesmo no meu trabalho, fora disso sou como sou. E as pessoas gostam ou não gostam. Sou muito pura, mas sinto que por vezes usam a minha boa disposição para justificar outras situações. Quando isso acontece, desmascaro tudo no momento.
– Depois existe o outro lado, o da Helena mãe…
– Já sou mãe há dez anos, e sem dúvida que a gravidez foi o período de maior serenidade da minha vida. No início achava que não ia conseguir trabalhar, estava sempre agarrada à minha filha, mas entretanto tudo se foi adaptando. E sem dúvida que a minha filha é o grande amor da minha vida, um amor que cresce todos os dias. Às vezes é complicado…
– Porque sente a responsabilidade da educação dela?
– Pela educação de um ser humano que tem uma forte personalidade. E a Beatriz está a entrar numa idade malandra. E muitas vezes penso: ‘Ooopss, eu não te disse isso, não te ensinei isso!’
– Como é que ela lida com o seu trabalho, com a sua exposição?
– É tudo muito natural para ela, mas às vezes sente-se um pouco envergonhada na rua por falarem na mãe, e eu tento compensá-la por isso. Mas por outro lado está sempre atenta e sente-se orgulhosa do trabalho da mãe. Diz a toda a gente sempre que passa algo meu na televisão, nem que seja só a voz. Claro que fico muito feliz por isso, e orgulhosa também.
– Um assunto talvez mais delicado: o amor.
– [risos] Que quer que lhe diga?
– Digamos que sei que encontrou algum equilíbrio com a pessoa com quem está neste momento…
– Sem dúvida que sim. Namoro há cerca de um ano com um rapaz que é músico, e estou bem.
– É fácil conciliar uma relação com uma pessoa que trabalha também no meio artístico?
– O Inácio é uma pessoa muito especial. Tem uma maneira de ver as coisas e de estar na vida que é cada vez mais rara. É uma boa alma e traz muito boas vibrações.
– É mais novo uns anos…
– Sim, mas isso não muda nada. Ele tem 27 anos, mas terá provavelmente muito mais maturidade que algumas pessoas de 40. É uma pessoa muito moderada e que tem a vida muito preenchida. Mas, acima de tudo, é uma pessoa fantástica.
– Como é que está a ser a participação em Flor do Mar?
– É um projecto que me tem dado algumas dores de cabeça! Sou extremamente rigorosa e exigente com o meu trabalho e não tenho saído muito satisfeita das gravações. Sei o caminho que tracei para a Carolina e, de certa maneira, nem sempre tenho conseguido segui-lo, e fico triste com isso.
– E tem sido fácil conciliar as viagens entre o Funchal e Lisboa com a sua vida pessoal?
– A verdade é que viajei mais quando estava na Ilha dos Amores. Mas o que mais me custa é mesmo o tempo de espera nos aeroportos. Porque não tenho passado grandes temporadas fora. E a Beatriz nem tem sentido isso, porque eu e o João [ Cabral] temos custódia partilhada, por isso ela fica uma semana comigo e outra com o pai.
– Já começa de alguma forma a sentir o peso da idade?
– É óbvio que se sente o peso da idade, talvez não em termos psicológicos, mas em termos físicos. Porque continuo a ter a mesma energia de sempre, só que o corpo ressente-se.
– Equacionaria fazer uma plástica?
– Completamente. Faria uma sem problemas. Temos que nos sentir bem! Antigamente, por exemplo, comia de tudo e o meu corpo estava sempre igual. Agora já não é tanto assim. Por isso estou mais dedicada ao desporto e estou também com o Dr. Tallon, para ficar mais em forma. Porque adoro comer…