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Cristina Ferreira
Victor Freitas
Cristina Ferreira, de 31 anos, não gosta de falar sobre a sua vida pessoal e já está habituada a tudo o que se tem escrito sobre a sua relação com
António Casinhas, pai do seu filho,
Tiago, de um ano, acusado de sair muito à noite sacrificando o tempo que poderia dedicar à família. Mesmo assim, e porque o livro que apresentou na ocasião em que a fotografámos,
Vai Valer a Pena, de
Joaquim Quintino Aires, fala sobre as dores da separação, a apresentadora de
Você na TV conversou com a CARAS sobre a forma como tem lidado com a falta de privacidade que tem sentido nos últimos tempos, mas também sobre os esforços que um casal deve fazer para que a vida a dois funcione.
– Acha que hoje em dia nos esforçamos pouco para que um casamento funcione?
Cristina Ferreira – Acho que sim. Um casamento é uma construção e muitas vezes temos de derrubar uma parede para voltar a construí-la. Hoje em dia, as novas gerações não lutam muito pelo amor, daí que tenha começado a pensar que as pessoas já não se casam apaixonadas. Muitas vezes é por imposição dos amigos, da família e da sociedade que se faz a festa e muitas vezes não se terminam namoros que já deveriam ter terminado. Depois, acho que também não é fácil para os homens aceitarem a vida que as mulheres têm actualmente. Há mulheres que ganham mais do que certos maridos e na cabeça de alguns isso ainda faz muita confusão. Hoje desiste-se ao menor desaire.
– Sei que não gosta de falar da sua vida pessoal, mas tendo uma vida profissional pública, é necessário ter um maior espírito de sacrifício nesse aspecto?
– É, ainda para mais quando uma das partes do casal não está ligada ao meio e não quer uma invasão da sua vida que eu tenho de admitir que haja, pela escolha profissional que fiz. A verdade é que também já estamos vacinados. Há colegas minhas que dizem já nem ler o que se escreve acerca delas e eu acho que cheguei a essa fase. Sei exactamente o que quero da vida, como a vivo, e é isso que realmente me interessa.
– Incomoda-a esta invasão da sua vida privada?
– Incomoda-me a maldade e o mau profissionalismo, ao ponto de em certas reportagens colocarem declarações minhas sem nunca terem falado comigo. Chegámos a um ponto assustador em que vizinhos que não conheço são chamados à discussão, supostos amigos falam… Isso, sim, assusta-me um bocadinho. Eu estudei Jornalismo e faz-me confusão que colegas meus escrevam coisas sem confirmar a sua veracidade. E se nunca falei sobre a minha vida privada, não devem ser os outros a abrir a porta por mim.
– Que razão encontra para que isto aconteça?
– A felicidade dos outros corrói, causa inveja. Sinto que já tenho capacidade para aguentar com isto tudo, mas a minha família não tem, eu não tenho de passar por um café e ouvir supostos pormenores da minha vida.
– O Tiago há-de ser a sua maior preocupação no meio de tudo…
– Ele é tudo para mim. Está numa fase muito bonita em que todos os dias nos proporciona novos sentimentos. Nunca pensei que iria gostar tanto de ser mãe.
– Não tinha esse desejo?
– Não. Sempre achei que iria ser mãe, mas não era o tipo de coisa que dizia que queria ser mais do que tudo. Assim que olhei para o Tiago, passei a amá-lo incondicionalmente e não troco nada na minha vida por ele.
– Tem medo de falhar?
– Não tenho nenhum tipo de medos em relação ao Tiago, até porque ele também vai aprender com os meus erros. Tenho medo de não poder vê-lo crescer.
– Há uma ideia preestabelecida de que os rapazes são mais ligados à mãe. Confirma?
– Poderá ser verdade, mas ainda não confirmei. O Tiago não é muito de dar beijinhos e de agarrar, mas gosta muito de brincar comigo, e acho que isso é um sinal. Já refila quando me vou embora, já fica muito feliz quando chego. [risos]
– Gostava de repetir a experiência da maternidade?
– Não há nada planeado. Há aquela história de os filhos pedirem um irmão, mas ainda não aconteceu, até porque ele só sabe dizer ‘mamã’, ‘papá’ e ‘já está’. [risos]
– O livro que apresentou também fala da felicidade. O que a faz feliz?
– A vida. [risos]
– Sorri facilmente?
– Sim [risos] e ultrapasso as coisas de forma muito tranquila. E acho sempre que ninguém me derruba, o que pode ser uma boa técnica.
– Sente-se feliz?
– Muito feliz.