Por detrás das personagens melancólicas que tem representado há uma
Lúcia Moniz alegre, descontraída, que dá o seu melhor em cada oportunidade que a vida lhe oferece. E foi essa mesma força e determinação que a tornaram uma cantora e actriz de sucesso. A comprová-lo estão os papéis de destaque na novela
Vingança ou em
West Side Story, musical pelo qual recebeu, em nome da equipa, o Globo de Ouro para a Melhor Peça/Espectáculo.
Contudo, não é só no campo profissional que Lúcia, de 32 anos, é uma mulher realizada. Ao lado de
Bernardo Mendonça, com quem namora há cerca de um ano, e da filha,
Júlia, de cinco anos, fruto de uma anterior relação, a actriz tem descoberto novas emoções que têm tornado a sua vida ainda mais completa. E talvez tenha sido esta felicidade que fez com que os cibernautas a tenham eleito como uma das sete mulheres mais invejadas de Portugal, num concurso promovido pela RedQ.
Foi sobre as singularidades da sua vida que a CARAS falou com Lúcia durante uma produção na qual a cantora e actriz mostrou o seu lado mais feminino.
– O que é que acha que se pode invejar em si?
Lúcia Moniz – Tenho uma filha linda… Talvez a inveja também esteja relacionada com a minha profissão… Sou feliz, e há quem possa invejar a felicidade das outras pessoas, mas no bom sentido.
– E é uma pessoa que inveje os outros?
– Não, mas admito que já tive uma inveja positiva. Não aquela de desejar mal, mas de pensar que aquela pessoa tem determinado privilégio ou sorte na vida. Invejo, por exemplo, música. Quando gosto muito de alguma, só penso que gostaria que fosse minha. Ou quando alguém faz uma viagem que também gostaria de fazer. Toda a gente é invejada e sente inveja.
– E o que é que mais gosta em si?
– Gosto de me rir, do meu sentido de humor, e penso que herdei isso dos meus pais. Olho para algumas pessoas e penso que deveriam rir-se mais.
– Tem representado algumas personagens melancólicas, mas, pelos vistos, essa melancolia fica no estúdio…
– Quem me conhece sabe que não sou assim. Quando fiz a Laura, da novela
Vingança, tinha mesmo urgência em rir. E considero-me uma pessoa bem-disposta que tenta ver o lado positivo das coisas. Nem sempre consigo, e às vezes têm de ser as outras pessoas a chamar-me a atenção.
– É bastante conhecida, mas pouco se sabe sobre a sua personalidade… Quem é a Lúcia longe dos palcos e das câmaras?
– Sou mãe… Por necessidade e por gosto! O tempo livre que tenho é para ser mãe. E isso preenche-me muito.

– Sente que quando trabalha falha enquanto mãe?
– Não. Já senti mais e para mim foi um choque… Já me senti triste por não estar o tempo que queria com ela. Mas o que vejo é que temos uma relação tão forte, tão forte, que penso que as coisas estão a correr bem. E ela é muito compreensiva e eu explico-lhe sempre as coisas. Agora conversa, já expõe raciocínios, opiniões, e já consigo ter o reflexo daquilo que lhe fui dando.
– Mas ela não lhe pede mais tempo?
– Não. Ela pergunta onde vou e eu explico-lhe. Já tive de lhe dizer que vou trabalhar porque só assim consigo ter no frigorífico os iogurtes de que ela gosta. [risos] Tenho sempre de explicar dentro de uma lógica que ela entenda.
– Apesar de alguma culpa que já sentiu, não acha que pode estar a viver demasiado para a Júlia?
– Claro que tudo o que é de mais faz mal. Tento dosear as coisas e ter tempo para mim e para ela. Apesar de nem sempre conseguir fazer as coisas como quero…
– Revê-se na sua filha?
– Imenso. Ela é vaidosa e tem uma alegria muito grande. Quando a vejo, a minha memória leva-me de novo aos cinco anos.
– O que é que tem aprendido com a maternidade?
– Qualquer mulher que seja mãe ganha uma maturidade que aparece de repente. Comigo também foi assim. E isso revê-se nas minhas escolhas. Sei o que é prioritário na vida.
– Como é que a Júlia lida com o facto de ter uma mãe conhecida?
– Ela agora já se apercebe mais disso. Uma vez viu-me na televisão e ficou muito surpreendida porque eu estava simultaneamente ao pé dela. [risos]
– Mas também não é só à Júlia que dedica o seu tempo, uma vez que namora…
– Disso não falo. Não escondo a minha relação, mas também não a promovo. Agora, claro que estou feliz, não dá para ver? [risos]
– Mas gostava de se casar?
– Não sei se quero casar-me. Se continuar assim, é óptimo. Estou a aprender a viver o presente. Revivemos muito o passado e vivemos para o futuro. Por isso não faço planos. Estou bem assim.
– E gostaria de ter mais filhos?
– A minha filha exige tempo que às vezes não tenho. Por isso, não seria justo pensar, para já, em ter mais filhos.
– Nos últimos anos tem-se dedicado muito mais à representação do que à música. Não sente falta desta?
– É verdade que tenho sido mais actriz do que cantora, mas as pessoas ainda me conhecem muito como cantora e pedem-me um novo álbum. E eu gostava, mas, se ainda não o fiz, a responsabilidade é toda minha… Tenho vontade de escrever sobre coisas boas da vida. E claro que vai reflectir a boa fase que estou a viver.