No dia 20 de Julho de 1969, não foram apenas
Neil Armstrong e
Edwin ‘Buzz’ Aldrin que caminharam pela Lua, enquanto
Michael Collins circum-navegava o satélite a bordo do módulo de comando Columbia. A mais de 380 mil quilómetros, na Terra, cerca de 500 milhões de telespectadores acompanhavam sem fôlego a concretização de um sonho antigo da Humanidade: conhecer outros planetas.
Duas semanas antes, a 6 de Julho, dia em que foi lançado o foguetão Saturno V (em cujo ‘nariz’ ia acoplado o módulo Columbia), o interesse criado pela viagem levara às imediações do Centro Espacial Kennedy, em Cape Canaveral, cerca de um milhão de pessoas, oriundas não só dos EUA, mas um pouco de todo o mundo. E só jornalistas acreditados para fazer a cobertura do acontecimento eram três mil.
Num tempo em que a informática e a electrónica estavam ainda na sua pré-história, a epopeia lunar adquiriu contornos que os mais jovens, hoje, dificilmente avaliam. Mas na memória de quem viu a alunagem pelos ecrãs de televisão – em Portugal ainda a preto e branco – ficou marcado para sempre o momento em que Armstrong se tornou o primeiro homem a pisar solo lunar.
Tal como ficou a histórica frase do comandante da expedição, com uma voz que chegou à Terra roufenha e entrecortada:
"Este é um pequeno passo para o Homem, mas um salto gigantesco para a Humanidade." Com efeito, neste dia em que o homem superava a sua condição terrena, iniciava-se uma nova era, que num futuro longínquo talvez seja conhecida por Era Espacial. Porque os limites do espaço são infinitos, e as consequências da odisseia da Apollo 11 ainda estão longe do fim.
A coragem e temeridade dos três homens – todos com 39 anos – que integraram a missão Apollo 11 são apenas comparáveis às dos navegadores portugueses que, enfrentando medos milenares, no séc. XV se aventuraram, em verdadeiras cascas de nozes,
"por mares nunca dantes navegados".
O programa de conquista do Espaço – que, em tempos de Guerra Fria, dividiu ainda mais americanos e soviéticos – começara anos antes, durante o mandato de
J.F. Kennedy, e, em Dezembro de 68, a missão Apollo VIII já tinha dado a volta à Lua, mas a epopeia do comandante
Neal Armstrong, de
‘Buzz’ Aldrin (piloto do módulo lunar Eagle) e
Michael Collins (piloto do módulo de comando Columbia) foi inegavelmente pioneira. Richard Nixon, em cujo consulado se concretizou a proeza, assistiu,
in loco, ao lançamento do Saturno V e estava a bordo do porta-aviões que recolheu os três astronautas no Pacífico, onde amarou a Columbia. Armstrong, Aldrin e Collins foram recebidos como heróis e, terminada a quarentena de 21 dias, foram aclamados por multidões.
Desde então, foram alvo de várias homenagens, mas com o ritmo voraz a que a ciência e a tecnologia avançam nos dias de hoje, a dimensão da sua aventura foi perdendo notoriedade e os seus nomes são hoje desconhecidos de boa parte da Humanidade. Quanto às pegadas de Armstrong e Aldrin em solo lunar, essas são indeléveis, graças à ausência de vento no nosso satélite.