Há mais de duas décadas que
Fernando Póvoas, de 54 anos, passa parte das suas férias na praia da Oura, no Algarve, junto da mulher,
Ana Maria, da mesma idade, e das filhas,
Ana Cristina e
Ana Rita, de 27 e 17 anos, respectivamente. Este ano, Ana Cristina foi a grande ausente, visto que trabalha na clínica do pai, no Porto, e por isso só se junta à família nos fins-de-semana. Foi num dos primeiros dias de férias que o médico e vice-presidente do Futebol Clube do Porto conversou com a CARAS e explicou que, apesar de continuar a ter um horário muito preenchido, pois trabalha 12 horas por dia, arrepende-se de não se ter dedicado mais à família. A conversa incluiu ainda a saída de casa da filha mais velha, que se casou recentemente com o empresário da indústria do calçado
Pedro Costa.
– Agora que a Ana Cristina se casou, acaba por ter uma vida mais independente da vossa. Com certeza que ela lhe faz falta nestas férias…
Fernando Póvoas – Claro que sim, mas devo dizer que sinto a falta dela e dele, pois gosto muito do meu genro, que é uma óptima companhia. Só tinha mulheres em casa e agora tenho finalmente um homem, o que me facilita um pouco as coisas. [risos]
– Viver no meio de mulheres fá-lo sentir-se incompreendido?
– Não, nem pensar. É muito fácil viver entre estas três mulheres, até porque sobra pouco para mim na lida da casa, são óptimas cozinheiras e cuidam todas de mim.
![O casal O casal](iv/0/40/876/ana-maria-e-fernando-povoas-dd26.jpg)
– Namorou oito anos e está casado há 29. É necessário ter uma pessoa a seu lado que compreenda a sua profissão…
– Sem dúvida. Viver a dois é muito difícil, pois é preciso muita cedência, saber colocar o orgulho de parte, compreender o espaço de cada um… Fomos ganhando tudo isso ao longo dos anos. Ter uma mulher a meu lado que entenda a minha maneira de ser e aceite a minha profissão é fundamental. Parte do meu sucesso profissional deve-se muito à minha mulher.
– Nesta altura de férias, tenta compensar a família dos tempos mais ocupados?
– Sim… Aqui estamos todos juntos durante 24h, leio mais, jogo muito à bola, algo de que gosto bastante, e convivemos muito com os amigos, o que é fundamental.
– Sente que o trabalho o obrigou a perder alguma coisa no crescimento das suas filhas?
– Perdi muito, perdi o principal. Infelizmente, acho que perdi o melhor delas, que foi o seu crescimento. Estava em início de vida e de carreira e elas acabaram por sair mais prejudicadas, fui um pai muito ausente. A Ana Maria foi realmente a educadora delas, e daí dizer também que ela é a minha retaguarda.
![Fernando e Ana Maria Póvoas Fernando e Ana Maria Póvoas](iv/0/40/878/fernando-e-ana-maria-povoas-0909.jpg)
– A Ana Maria acabou por minimizar as suas ausências.
– Sim, mas elas não deixaram de as sentir. Tenho uma vida tão absorvente que por vezes esqueço-me daqueles que são mais importantes para mim. Quando somos muito ausentes, compensamos de outras formas, com presentes, por exemplo, mas hoje sei que mais importante do que tudo isso teria sido a minha presença.
– Denoto alguma mágoa…
– Costumo dizer que se fosse necessário faria tudo de novo, mas, neste caso, se calhar, trabalhava menos e não diria tantas vezes que sim. No início da minha vida tive muitas solicitações profissionais, principalmente no futebol, pois fui médico de quatro clubes ao mesmo tempo e, se calhar, hoje não acumularia tanto trabalho e roubaria essas horas que dei a alguns clubes para dedicar à minha família.