Desde que lhe foi diagnosticado um cancro da mama, em Abril do ano passado,
Joana de Sousa Cardoso, de 26 anos, tem enfrentado a doença qual heroína de um filme de acção. Agora que está recuperada, a estudante de Arquitectura já encara tudo com algum optimismo.
Foi durante um fim-de-semana passado no Algarve com algumas amigas que Joana conversou com a CARAS e contou como conseguiu encarar a doença sempre com um sorriso, ajudada pelo apoio de
Mico da Camara Pereira e do filho de ambos,
Afonso, de cinco anos, confirmando que o casamento ficou adiado para o próximo ano.
– Sente que já pode respirar de alívio?
– Ainda não. Tenho de ter muita atenção a qualquer sinal diferente que possa aparecer no corpo e não apenas no peito, como na pele, unhas, rosto, tudo o que possa ser estranho tem de ser imediatamente visto. Por isso, estou sempre preocupada… Assim que vejo uma manchinha provocada pelo sol, fico logo em pânico, por isso ainda não consigo baixar os braços, achar que acabou e que nunca mais vou passar pelo mesmo. Ainda tenho aquele receio de que algo se possa passar, até porque já senti que não acontece só aos outros. O melhor é nem pensar muito nisso, se não, uma ideia vai atrás da outra e, depois, é uma bola de neve sem controlo.
– É observada pelo médico de três em três meses…
– Sim, e, além disso, também faço um tratamento hormonal todos os meses. As consultas serão para o resto da vida. Ainda não fui à segunda consulta e tenho a certeza de que vou estar com o coração nas mãos…
– Mas já está tudo bem..
– Finalmente! Foi duro! Havia dias após os tratamentos que pareciam infindáveis. Hoje, quando olho para trás, já penso que até passou depressa. Custou muito, mas um ano e meio não é assim tanto…
– Os tratamentos hormonais acabam por desregular o seu corpo e em consequência disso até engordou um pouco…
– O tratamento hormonal causa uma menopausa precoce e, por isso, tenho todos os sintomas que as mulheres têm aos 50 anos… De vez em quando fico com afrontamentos, cheia de calores… [risos] As minhas amigas riem-se imenso. E depois há realmente o incómodo de estar mais gordinha. Gosto de me sentir bonita e faço um esforço enorme, tenho imenso cuidado com a alimentação, mas não consigo, estou muito mais inchada e mais gordinha e não fico muito contente. Mas adquiri uma nova máxima de que a felicidade é uma questão de atitude, por isso, visto a minha melhor roupa, maquilho-me como deve ser, ponho o meu sorriso e lá vou eu. Ninguém me pára. [risos] Se eu estiver confiante e bem-disposta, acho que as pessoas não vão reparar se tenho um quilo a mais ou a menos, estão a notar é que estou bem e feliz.
– Este tratamento pode impedi-la de voltar a ter filhos?
– Há sempre esse risco, e nos próximos cinco anos está completamente fora de questão ter filhos. O meu médico diz para não arriscar. Mais tarde logo se vê. Também já temos o Afonso, que vale por mil. [risos] Se mais tarde perceber que não posso ter mais filhos, e como gostávamos de ter uma menina, talvez pensemos em adoptar. Pode ser mais um sinal de que as coisas acontecem por alguma razão e, se calhar, podemos mudar a vida de alguém. Sou uma mulher de afectos, gosto muito de abraçar e beijar. Tenho muito amor para dar.
– E o casamento que estava programado para este ano?
– Era para ser este Verão, mas, entretanto, o Mico está a trabalhar imenso e eu estou dedicada à minha tese, que tenho de entregar em Setembro, por isso, resolvemos adiar, e pensámos no início do próximo ano. Assim, temos tempo para aproveitar o momento e planear as coisas com calma, separando trabalho e doença de um momento feliz. Terei um ano para preparar tudo com calma e ter um casamento de sonho: vestida de branco, com uns longos cabelos, [risos] com o Afonso a levar as alianças…
– Sei que explicaram ao Afonso a sua doença, e agora que tudo está bem, ele deve estar radiante.
– É verdade. Uma das coisas que me deixa feliz é que eu e o Mico temos proporcionado a melhor infância possível ao Afonso. Ele é uma criança muito feliz, divertida e extrovertida.