Joana Lemos vive há um ano e meio longe de
Manuel Reymão Nogueira, que está a trabalhar na Polónia, no desenvolvimento do projecto de uma unidade bancária portuguesa. Por isso, estas férias passadas no Algarve com o marido, os filhos de ambos,
Tomás, de 11 anos,
Martim, de oito, e ainda o irmão, a cunhada e as sobrinhas, acabaram por ter um sabor mais especial. Embora Manuel tenha estado presente neste dia de praia, preferiu não participar na sessão fotográfica, deixando o protagonismo para a mulher e os filhos. Foi também a Joana, que tem agora uma empresa de organização de eventos, que coube dar a entrevista, na qual falou desta fase da sua vida.
– Imagino que estas férias com a família alargada tenham um sabor especial…
Joana Lemos – As férias são sagradas e procuramos fazer férias como estas, em família, no mínimo duas vezes por ano. É muito engraçado passarmos férias todos juntos, até porque os miúdos têm idades muito semelhantes e entendem-se muito bem. Estar com a família toda é a melhor forma de recarregar baterias.
– É também uma forma de incutir nos seus filhos o sentido de família…
– Felizmente, eles herdaram de mim e do Manel o sentido de família, que é algo que valorizamos muito.
– Desde que o seu marido está na Polónia, têm conseguido arranjar tempo para estar juntos ou torna-se complicado?
– Temos, sim, é fundamental. Encaramos isto como uma missão, não há-de ser um acto eterno e, se Deus quiser, já faltará pouco tempo. Mas encaramos isto facilmente, até porque é uma oportunidade muito boa que o Manel não podia recusar.
– E já foram à Polónia?
– Eu já lá estive, mas todos juntos iremos agora, no final do mês de Agosto. Ele está tão obcecado com o trabalho que acho que até as condições atmosféricas lhe passam um pouco ao lado. Aos fins-de-semana é que se torna um pouco mais difícil, pois não é propriamente uma cidade divertida, o que torna o desafio ainda maior. Mas são os desafios que tornam as pessoas mais fortes e testam os seus limites.
– Com que frequência conseguem estar juntos?
– Ele vem cá uma vez por mês, no mínimo, também não é assim tão dramático. Levamos tudo muito calmamente e nenhum de nós dramatiza o facto de estarmos longe uns dos outros.
– Presumo que para o Manuel seja ainda mais complicado do que para vocês…
– É verdade, ele é que está longe da família e num país totalmente diferente do nosso. Para ele, tem sido um grande desafio a todos os níveis e é natural que lhe custe mais, sobretudo por estar longe dos filhos.
– Calculo que evite transmitir-lhe todas as preocupações do dia-a-dia…
– Naturalmente. Evito ao máximo que ele tenha preocupações acrescidas e felizmente tem tudo corrido muito bem.
– Estão casados há 14 anos. Qual é o segredo?
– Acho que não há segredos. As pessoas devem estar juntas até esgotarem todas as hipóteses. Não há casamentos perfeitos, todos têm altos e baixos, e isso é que é normal, por isso, se no fim de tudo as pessoas continuam a gostar uma da outra e a quererem estar juntas, esse é o verdadeiro segredo. Infelizmente, hoje em dia as pessoas já não estão para grandes sacrifícios. Não estou a querer criticar as pessoas que se separam, porque eu própria, se me acontecesse ver que já não havia cumplicidade e amor, tomaria esse rumo, tal como o Manel faria. Se não aconteceu, é porque de facto o amor e a cumplicidade e o facto de acreditarmos muito um no outro continuam a prevalecer.
– Por outro lado, esta fase pode até fortalecer a relação, no sentido de sentirem que o vosso amor é à prova de desafios…
– Também, mas não é fácil. Procuramos viver o dia-a-dia sem anteciparmos o que podem ser as consequências de estarmos longe. Encaramos tudo com a maior naturalidade possível, mas é claro que não é fácil, sobretudo na nossa idade, termos de viver um amor à distância, mas tudo tem sido ultrapassado.
– Mas agora estão a aproveitar as férias…
– Sem dúvida. Já tínhamos estado de férias em Março, no Brasil, e quando estamos juntos procuramos beber todos os minutos o mais possível.
– Por causa da ausência do seu marido, sente que acaba por ter mais tempo para se dedicar ao trabalho e até a si própria?
– Sim, se bem que os nossos filhos exijam um pouco mais de mim e tenho de conciliar as necessidades deles com o trabalho, mas até agora tem corrido muito bem. Apesar de gostar muito do meu trabalho, os meus filhos continuam a ser a minha prioridade.
– Eles estão crescidos e em breve vão começar a conquistar alguma independência…
– Sem dúvida, mas sei que esse é o percurso natural, eu também fui assim e com certeza que os meus pais também olhavam para mim e para os meus irmãos e sentiam o mesmo. Sou completamente obcecada por eles, uma verdadeira mãe-galinha, mas procuro, acima de tudo, guiá-los, consciente de que mais cedo ou mais tarde eles vão seguir o caminho deles. Mas não tenho dúvidas de que quanto melhores forem os alicerces que lhes damos, melhor será o futuro deles.
– A presença deles também a ajudará a sentir menos a ausência do Manuel…
– Sim, ajuda muito. O mais engraçado é que nestas idades eles têm uma vida tão ocupada, com a escola e as actividades – o Tomás treina quatro vezes por semana no Sporting e o Martim monta a cavalo -, que acabam por só se aperceber com mais intensidade da ausência do pai ao fim-de-semana. Eles entendem que esta é uma fase e que por vezes a vida nos proporciona este tipo de situações.