Actualmente, é no papel de
Edith Piaf que sobe ao palco, dia sim dia não, no Teatro Politeama, mas é como
Wanda Stuart, e junto do marido,
Nélson Cabrita, e da filha,
Eva, de três anos, que se sente realmente feliz e realizada. Foi sem o cabelo azul, sua imagem de marca durante anos, que a cantora conversou com a CARAS durante uma tarde passada no Estoril, visto que este ano as férias tiveram de ser adiadas, e explicou como tem sido esta nova fase da sua vida.
– Com esta peça, tem agora menos tempo para a família…
Wanda Stuart – É verdade. Este ano nem tenho férias, mas como só vou para o teatro à noite, dá para fazer praia durante o dia. Felizmente, tem dado para conciliar tudo.
– O papel de Piaf foi uma boa surpresa?
– Foi uma dádiva. Fui surpreendida com este papel, mas acho que a vida me foi preparando para ele. Estávamos com algum receio, por termos estreado em Lisboa nos meses de Verão, mas felizmente temos tido sempre casa cheia, o que para mim é muito gratificante.
– Para que esta fase corra ainda melhor, certamente tem de haver bastante equilíbrio na sua vida pessoal e compreensão do Nélson e da vossa filha em relação às suas ausências…
– Completamente, eles têm compreendido e incentivado este trabalho. Mesmo a minha filha, apesar da idade, compreendia perfeitamente quando estávamos em fase de ensaios e mal me via, pois trabalhávamos cerca de 15 horas por dia. Desejava-me sempre bom trabalho e mandava beijinhos para todos, que é algo que ela diz muitas vezes. [risos] Tudo isso foi fundamental na fase inicial.
– Aceita bem as críticas?
– Perfeitamente, desde que sejam construtivas e que venham de pessoas que saibam o que estão a dizer. Quando isso não acontece, filtro o que me dizem e guardo o que acho importante para evoluir no meu trabalho. Como meu produtor, além de meu marido, o Nélson é o meu maior crítico, e como tem uma grande sensibilidade e me conhece muito bem, percebe quando posso fazer melhor ou seguir outro caminho. É ele quem mais oiço.
– Quando está a preparar-se para um papel, consegue estar rodeada da família, ou tem de estar isolada?
– Treinei muito a minha memória, que é imediata, e basta-me ler um texto uma ou duas vezes. E como não tenho muita disponibilidade para estar com a Eva, gosto de aproveitar todos os momentos que posso para brincarmos juntas. Quando tenho uma parte do texto que é mais trabalhosa, estudo-o quando ela já está a dormir, para não roubar o tempo que é dela. É que sempre que estou longe deles, por menor que seja o tempo, morro de saudades.
– Sente que perdeu algumas das graças dela durante esta fase?
– Se isso acontece, o pai conta-me. E agora que a peça está em cena, já tenho mais tempo para ela, estamos juntas o dia todo.
– A Wanda parece ser uma mulher muito apaixonada e empenhada em tudo o que faz…
– [risos] É verdade, mas para isso também é importante fazer-se o que se gosta. Ajuda a manter a paixão. E a verdade é que me realizo sempre que subo a um palco.
– E tem vontade de ser mãe novamente?
– Vontade tenho, pois adorámos a fase da gravidez e queríamos muito ter outro filho, mas nesta profissão é complicado. Se acontecesse, adorava, e jamais abdicaria disso, mas nesta altura não dava jeito nenhum. Esta também é uma profissão incerta e insegura e, por isso, só poderia voltar a ser mãe se tivesse um contrato milionário.