Num espaço pequeno para tantos admiradores,
Judite de Sousa foi mais do que a jornalista, a mulher, a mãe e a amiga. Sorriu, riu, comoveu-se, chorou, falou da sua vida, do bom e do mau, das suas angústias e das suas certezas. Frontal, sem rodeios ou esquemas de comunicação, mostrou, afinal, aquilo que mais gosta de elogiar: a alma humana. Neste caso – a apresentação do seu mais recente livro -, a alma da própria Judite de Sousa.
A Vida é um Minuto – O Poder da Imagem é o título da obra, apresentada na livraria Bulhosa de Entrecampos, e que a jornalista descreveu como um acto de coragem:
"Este livro é sobre o olhar que fixei em muitos olhares que presenciei, vivi e entrevistei. E, se na profundeza de cada olhar se alcança a alma de quem olhamos, então será sobre a alma humana nas suas diferentes dimensões. Por isso, este livro é, permitam-me, um acto de coragem. Um acto de liberdade e de independência, a expressão do que senti e do que vivi, com a consciência de que, neste tempo de incerteza, lhes deixo algumas convicções que são, afinal, quase as minhas certezas."
Judite não conseguiu evitar as lágrimas quando agradeceu a presença dos amigos e, mais ainda, quando referiu a família, confessando estar
"sensibilizada, emocionada até":
"Quero deixar uma palavra especial aos meus pais, que vieram do Porto, e que, apesar da distância, sei que estão sempre comigo, mesmo quando as situações não são verbalizadas. Quero agradecer ao meu marido, que acha que tudo o que faço é muito bem feito, mesmo quando não é. E tenho uma palavra final para aquela que é a pessoa mais importante da minha vida, o meu filho, dizendo-lhe que sou a sua maior fã."
Tentando passar quase despercebido,
André de Sousa Bessa, o filho da jornalista, não se intimidou com um mundo que, afinal, conhece desde criança, e elogiou Judite publicamente:
"Como mãe, tal como no seu trabalho, é uma pessoa muito exigente. Foi sempre muito exigente comigo, mas sempre soube valorizar e compensar quando considerava que era merecido. E, por estranho que pareça, ainda é uma mãe muito exigente, ainda que seja, também, a pessoa que mais me incentiva. É um exemplo de vida, sobretudo pela forma como começou, de onde veio, como conseguiu fazer as coisas até chegar onde está hoje", considerou o jovem de 24 anos.
Quem também adoptou uma postura discreta foi
Fernando Seara. O marido de Judite de Sousa, que é presidente da Câmara de Sintra, acabou por justificar, com alguma mágoa, a razão para tal atitude:
"Em Portugal, ainda existe o conceito de delito de matrimónio, e algumas pessoas não aceitam que nós sejamos casados. Como se cada um de nós não tivesse a sua individualidade, a sua expressão, a sua liberdade e a sua independência! Mas encaro essas pessoas como representantes de um Portugal pequenino", explicou o político e autarca, concluindo:
"Somos suficientemente críticos do trabalho de cada um, mas gostava de destacar, na personalidade da Judite, a determinação e a independência."