Estão juntos há 13 anos. Nesse tempo, casaram-se, divorciaram-se e voltaram a juntar-se… mas sem papéis assinados. Uma formalidade que talvez só venham a considerar a pedido das filhas,
Beatriz, de 11 anos,
Marta, de oito, e
Maria Luís, de três. Além de companheiros de vida,
Luís Onofre e
Sandra Cachide são também companheiros no trabalho, na marca com o nome do
designer de sapatos.
– Está a celebrar dez anos de carreira…
Luís Onofre – Embora sejam dez anos de trabalho por vezes muito difícil, penso que posso fazer um balanço bastante positivo, tanto a nível profissional como pessoal, visto que me sinto realizado e privilegiado, antes de mais, porque faço algo de que gosto muito.
– Sei que inicialmente pensou ser decorador de interiores. O que o fez mudar de ideias?
– A minha família está ligada a esta área desde 1939, data em que a minha avó paterna fundou a firma, que ainda hoje mantém o seu nome. O meu pai deu continuidade a este legado, sendo um verdadeiro
expert na arte dos sapatos. Foi ele que me possibilitou o
know how necessário e ainda hoje nos apoia diariamente. Tive a sorte de ter alguma criatividade, mas sem dúvida que sem este historial familiar teria sido muito mais difícil enveredar por esta área. Digamos que a genética ajudou a encontrar a vocação!
– Disse em anteriores entrevistas que a princesa Letizia foi uma das responsáveis pelo seu sucesso. Conte-me esse episódio…
– Foi um feliz acaso, penso. Pelo que me disseram na loja Lurueña, em Madrid – onde comprou os sapatos para as primeiras apresentações oficiais -, já era hábito ela usar sapatos meus e sei que foi peremptória, nessa ocasião, em relação aos conselheiros (que eram muitos) quando afirmou que aqueles eram os seus favoritos.
– E ela continua a usar a sua marca?
– Que eu saiba, não. Na altura houve algumas críticas em relação aos sapatos não serem de marca nacional e agora só usa sapatos espanhóis. Mas desde então passámos a calçar bastantes personalidades espanholas, como as apresentadoras
Ana Rosa Quintana e
Ana Obregón e a cantora
Marta Sanches.
– Pode dizer-se que a Sandra é outra mulher responsável pelo seu sucesso?
– Sem dúvida que sim, o nosso apoio mútuo é incondicional e a base fundamental do nosso projecto!
– Trabalham e vivem juntos. Há quem diga que esta não é uma boa combinação…
– A Sandra começou a trabalhar comigo no início da marca, em 1999, e na realidade não somos sócios de papel… Nem na empresa nem no casamento. Mas somos sócios num projecto de vida em comum, no qual temos os mesmos objectivos e ideais. É claro que temos as nossas diferenças, mas tentamos ultrapassá-las, conversando e esclarecendo os assuntos nos quais divergimos.
– Como fazem para manter a chama acesa e não se ‘cansarem’ um do outro? Não deve ser fácil fazer uma gestão do tempo…
– O tempo acaba por jogar a nosso favor, visto que no nosso trabalho existe tudo menos monotonia. Temos conseguido fazer uma coisa muito importante, que é separar o trabalho da nossa vida pessoal. No entanto, não deixamos de sentir que as nossas filhas mereciam mais atenção e que, por vezes, são prejudicadas face às nossas responsabilidades profissionais. Esperamos conseguir, num futuro próximo, as condições necessárias para podermos ter mais tempo para elas.
– As vossas filhas não vos pedem que voltem a casar-se?
– Sim, pedem. É algo que por elas, no futuro, poderei reconsiderar…
– E um irmão, pedem?
– Sim, também pedem. E eu também! Mas a Sandra acha que já contribuiu o suficiente para uma família numerosa.
– Já desenhou algum par especial para a Sandra? Ela é exigente a escolher sapatos?
– Não há nenhum sapato, sem excepção, para o qual não peça a opinião da Sandra… Tem uma opinião crítica e sincera. Se ela não gosta, a ideia fica posta de lado.