Presidente da Câmara Municipal do Porto desde 2001,
Rui Rio candidata-se ao seu terceiro mandato à frente dos destinos da Invicta, e é com confiança que prepara mais uma campanha eleitoral. Talvez a última. Apologista da limitação de mandatos, o economista continua sem saber o que o destino lhe reserva para 2013, caso agora ganhe novamente. Seja qual for o seu veredicto, Rui Rio contará com o apoio incondicional da mulher,
Lídia, e da filha,
Marta, de oito anos, que discretamente o acompanham e admiram.
Durante um passeio matinal pelos jardins do Palácio de Cristal, Rui Rio partilhou com a CARAS a responsabilidade que sente em não defraudar todos os que o surpreenderam com a vitória em 2001 e lhe deram a maioria absoluta em 2005. Certo de que
"a ideia que a maioria das pessoas tem de mim anda muito próxima daquilo que eu sou", Rui Rio afirma que "
o tempo é o remédio mais eficaz" e que, ao fim de oito anos, as pessoas o conhecem pelos seus actos e
"postura coerente".
Aos 52 anos, metade dos quais dedicados à actividade política, Rui Rio está habituado a não reunir o consenso à sua volta. Sem receio de comprar
"guerras" a troco do que considera melhor para a cidade, o economista conta o que planeia para os próximos quatro anos, se os portuenses lhe renovarem o voto de confiança.
– Conta uma vez mais com o apoio da família para esta luta?
Rui Rio – Não é bem para a luta, mas para o desempenho de um cargo. A minha família não sofre directamente com as campanhas, mas com o exercício do cargo. A minha média de trabalho é superior a 12 horas, é lógico que a família se ressente. Mas é claro que me apoiam.
– Discute assuntos relativos ao seu cargo com a sua mulher?
– Quase nada. Pessoalmente, raramente abordo o tema, mas a Lídia por vezes questiona-me sobre o que lê no jornal.
– A Marta sabe qual é o papel do pai na vida da cidade do Porto?
– Tem alguma consciência disso. Não abarca tudo, porque só tem oito anos, mas percebe que há uma diferença em relação aos pais das amigas.
– Gostava que ela seguisse uma carreira política?
– Não a vou influenciar em nada, mas preferia que a Marta não fosse por este caminho. Se pudéssemos recuar no tempo 30 ou 40 anos, poderia dizer que teria orgulho que ela seguisse uma carreira política, porque é uma actividade de grande nobreza. Mas hoje a sociedade desconfia de quem vai para a política. A continuar assim, não é uma actividade prestigiante, portanto, se a minha filha não for por aí, não é mau. Se for, é porque é a vocação dela. Mas gostava de a ver a fazer outras coisas.
– Qual é a sua opinião sobre as mulheres na política?
– Sou completamente a favor, mas sou contra a existência de quotas. Acho aberrante esta lei, que creio ser indignificante para as mulheres. Acho bem que as mulheres participem, mas à força não. Por decreto não.
– Se ganhar, completa 12 anos à frente da autarquia. Já pensou no que vai fazer depois?
– Ainda não tenho resposta para isso. Apesar de polémica, eu concordo com a lei de limitação dos mandatos, portanto, quando terminar o terceiro mandato, tanto posso procurar manter-me na actividade pública como procurar uma actividade privada que me agrade. Neste momento, as hipóteses estão divididas.
– A política deixa-lhe tempo livre para outras actividades?
– Nas férias, aproveito para ler e praticar desporto. No dia-a-dia, leio muito, e passo algum tempo no computador. Gosto bastante de cinema, de ver filmes e de os montar. Tenho diversos filmes das viagens que fiz. Filmava e, quando chegava a casa, montava-os com bandas sonoras.