Presidente da Câmara Municipal de Lisboa e recandidato ao cargo nas próximas eleições autárquicas, a 11 de Outubro,
António Costa nasceu em 1961, está casado há 22 anos com Fernanda Tadeu, educadora de infância numa escola na zona de Sintra, e tem dois filhos,
Pedro, de 19 anos, e
Catarina, de 16.
Numa sessão fotográfica que reuniu toda a família num dos miradouros emblemáticos da cidade, o Jardim de S. Pedro de Alcântara, António Costa revelou a logística difícil que rege o seu quotidiano familiar: durante a semana, vive em Lisboa com o filho, que frequenta o primeiro ano de faculdade, ao fim-de-semana, juntam-se os quatro, na capital ou em Sintra, onde a mulher e a filha passam a semana. "
Não é fácil", desabafa, com os olhos postos na cidade que deseja aberta ao mundo.
– Por que escolheu este miradouro?
António Costa – Esta é a imagem da cidade de Lisboa que tenho desde miúdo, uma vez que cresci e vivi toda a minha vida entre a Avenida da Liberdade e a Praça das Flores. A única excepção foram os dois anos, logo após o casamento, em que vivi em Carnide. Este sempre foi o meu território. A minha avó e a minha mãe viveram nesta zona, e foi com esta vista que aprendi a conhecer Lisboa.
– Agora que se candidata a um segundo mandato à frente da CML, com que cidade sonha?
– Sonho, fundamentalmente, com a eternidade que Lisboa possa dar à beleza natural que tem e que consiga vencer as marcas de degradação e do envelhecimento que o tempo lhe foi deixando.
– Ao contrário do que diz a tradição política, Lisboa não foi, para já, uma passagem para outros voos… Aliás, fez o contrário: deixou o governo para se candidatar à Câmara de Lisboa.
– Candidatei-me a pensar num mandato de dois anos mais quatro. A primeira parte está a terminar e a certeza que quero expressar é que estou onde quero estar. Devemos sempre, a cada momento, fazer aquilo de que gostamos. A mim, neste momento, só me interessa a Câmara de Lisboa.
– Como descreve estes dois últimos anos? Como tem sido a experiência?
– Governar uma cidade é muito mais complexo do que qualquer ministério, porque as questões são transversais. Aqui, temos um pouco de tudo. Desde questões relacionadas com os transportes, passando pela habitação, a educação ou as questões sociais. Acresce ainda o facto das pessoas olharem para o presidente da câmara como o seu representante e o seu provedor em todos os assuntos que lhes digam respeito, mesmo que não sejam da competência da câmara, como são, por exemplo, as questões de segurança. Mas é curioso, hoje as pessoas colocam-me mais questões relacionadas com a segurança do que durante o tempo em fui ministro da Administração Interna. Tudo isto confere ao cargo que desempenho uma dimensão muito, muito grande. É uma função que desempenho com enorme gosto e é também uma grande honra exercê-la mandatado pelos lisboetas.
– Foi acusado de não viver na cidade, mas sim na zona de Sintra…
– Agora vivo em Lisboa…
– Mas é uma situação recente. Que razões o levaram a si e à sua família a fazer esta nova opção de vida?
– Arrendei uma casa em Lisboa e, durante a semana, vivo aqui com o meu filho. Quando chegamos a sexta-feira, ou eu e o Pedro vamos para Sintra ter com a minha mulher e a minha filha, ou elas vêm ter connosco a Lisboa. Depende de cada fim-de-semana.
– E como tem corrido essa nova gestão da vida familiar?
– Não é fácil. [risos] Esta decisão implicou uma grande alteração da nossa organização familiar e também da logística, mas coincidiu com a entrada do meu filho para o primeiro ano da faculdade e acabámos por fazer esta opção.
– E tem sido fácil?
– Aprendemos os dois a viver cinco dias sozinhos e à sexta-feira lá nos reorganizamos.
– Deduzo que o seu filho, aos 19 anos, deve estar encantado com o facto de viver quase sozinho em Lisboa, uma vez que a agenda de um presidente de câmara o deve levar para casa tarde…
– Digamos que não anda infeliz com essa situação. [risos]
– Tendo em conta a visão necessariamente diferente que o seu filho tem da cidade e dos seus problemas, esse é um tema abordado em casa?
– Sim, claro. Até posso dizer que, por ocasião da decisão de reduzir os horários dos bares no Bairro Alto, o Pedro foi o maior porta-voz doméstico contra essa medida.
– Agora que tem essa experiência, já tem noção se o fim-de-semana ideal é em Lisboa ou em Sintra?
– Esse é um novo problema. [risos] Por regra, a minha mulher prefere estar em Lisboa ao fim-de-semana, enquanto eu faço muito gosto em voltar para o campo sempre que tenho oportunidade. Tentamos, no entanto, repartir os fins-de-semana, até porque é raro conseguir ter o fim-de-semana completamente livre. Tenho sempre muito para fazer em Lisboa e a minha mulher acaba por aproveitar para fazer coisas que a cidade proporciona e o campo não tem.
– No seu tempo livre, o que mais gosta de fazer?
– Dormir. [risos] O tempo livre não dá para muito mais. Estar com a família e tentar usufruir de uma das boas facetas do cargo, que é a representação. Ao representar a câmara em diversos eventos, estreias de peças de teatro e outros, acabo por usufruir muito do que a cidade proporciona em termos de cultura e tempos livres. É um dois em um que muito aprecio. [risos]