Ainda era uma jovem actriz e já
Vasco Morgado falava dela como "
uma grande vedeta". Aos 54 anos,
Rita Ribeiro vive uma fase de mudança e, depois de ano e meio no Porto, em palco com
O Violino no Telhado e
A Gaiola das Loucas [em cena até meados de Outubro], prepara-se para regressar a Lisboa. Certa de que se está a fechar um ciclo na sua vida, a actriz e cantora partilhou com a CARAS os seus desejos e projectos, numa escapadela até Melgaço. Grata pelo desafio de integrar as grandes produções de
Filipe La Féria,
Rita Ribeiro espera agora voltar à televisão e conseguir um grande papel em teatro, "
o grande papel da minha vida". E gostaria que fosse pela mão de La Féria – "
o meu encenador por excelência" -, de
João Lourenço,
João Mota ou
Luís Miguel Cintra. A actriz sente-se "
mais jovial que nunca" e está disponível para voltar a amar, apesar de estar cada vez mais exigente a esse nível.
– Está há um ano e meio no Porto, com sessões quase diárias no Rivoli. Sente-se realizada com uma vida itinerante?
Rita Ribeiro – Foi isto que a vida me pediu para aceitar. Uma das maiores virtudes do trabalho de actor é termos a inteligência de sabermos aceitar o que a vida nos dá. Mas a minha felicidade não passa por fazer teatro todos os dias. Tenho uma essência muito livre, não gosto de amarras nem dependências. A vida é um eterno recomeçar e estar em permanente mudança.
– E antevê-se mais uma fase de mudança…
– Mudei de casa no final de Agosto, de Alcochete para Lisboa, e, quando terminar
A Gaiola das Loucas, vou mudar-me de Gaia para Lisboa. E também vou ter de mudar o camarim do Rivoli para o Politeama. É a vida de um actor! Mas tenho parado para reflectir. Tenho 34 anos de teatro, 37 a cantar, e por vezes ambiciono outro género de vida. Mas deixar de ser actriz não é sequer uma hipótese, porque já está no meu propósito de vida.
– Com o regresso a Lisboa, fecha-se um ciclo?
– Tenho pensado muito no futuro e no que quero fazer daqui para a frente. Estou com muitas saudades de fazer televisão e também tenho projectos na produção. Estes últimos tempos têm sido reveladores e sem dúvida nenhuma que se está a fechar um ciclo. Sempre senti que a minha vinda para o Porto era um patamar para novas coisas e que poderia ser uma espécie de retiro de introspecção, de reestruturação da minha vida.
– Sente-se que a sua passagem pelo Porto foi construtiva…
– Muito. Estou absolutamente grata por aquilo que a vida me deu, mas estou a desejar novos voos.
– Vai deixar
A Gaiola das Loucas quando for para Lisboa?
– Penso que vou continuar, mas os projectos é que mandam. Neste momento, ambiciono fazer um grande papel no teatro. Amo a minha profissão e quero a excelência. Os maiores papéis da minha vida ainda estão para vir, por isso não me posso acomodar. Aos 54 anos, estou pronta a receber e sei que mereço.
– Com uma vida tão atribulada e preenchida, é importante fugir da rotina?
– Muitíssimo. As pessoas mais fortes são as mais vulneráveis. E, para poder viver em serenidade, tenho de ter os meus momentos de silêncio. A vida tem de ser feita de equilíbrio entre o trabalho, o lazer, o divertimento… Este é o meu profundo objectivo na vida.
– Está disponível para amar?
– Sim, mas com um grau de excelência muito grande. [risos] Neste momento, não tenho um companheiro, mas sinto-me a viver em plenitude. Pela primeira vez, aprendi a gostar de mim.